Friday, 3 June 2011

o silencio, as historias, e o homem da caneta

entao eu resolvi estudar mais. chega de falar coisas que nao sei, chega de discursinho e de tanta fala. porque eh que a gente fala tanto assim? nao precisa, nao preciso dar minha opiniao, descobri que mal tenho opiniao, que opinioes sao coisas faceis de dar, mas eh o risco de colocar abobrinhas para fora. melhor evitar as abobrinhas. o silencio vale mais que mil palavras, ou nao era esse o ditado?

comprei muitos livros, livros de segunda mao que sao bem baratos se voce compra via internet e eles chegam na sua casa num pacotinho bonito, eh bem magico recolher livros na caixa do correio. e nesse vira e mexe, troca-troca, passa daqui pra la, as historias se cruzam. estava ontem lendo um deles e eu estava grifando com caneta vermelha. o antigo dono tambem tinha grifado, mas ele (ou ela) fez diferente, ele grifou com lapis e fez anotacoes do ladinho na vertical. notei que, em caso de paragrafo importante, ele coloca um traco inteiro na vertical ou entao coloca dois risquinhos roxos pequenos. nossos grifos as vezes se cruzam e dai fica o vermelho em cima do cinza do lapis dele, e as vezes nao...e eu vejo as coisas que ele achou importante e eu acabo tendo dois pontos-de-vista sobre o mesmo texto. fiquei pirando nisso ontem, e na textura do papel amarelado e nas folhas cheias de anotacoes...quem era o dono desde livro? porque o vendeu? para quem? quantas pessoas ja tocaram este livro antes dele chegar na minha caixa de correio? ha quanto tempo ele ta passando de mao em mao?
tentei achar rastros e ha um nome e um numero anotados na primeira pagina, o nome eh ilegivel, so da pra ver que comeca com J, ja o numero eh 6924925. isso nao eh data, entao deve ser algum tipo de catalogo, sera que essa pessoa era tao organizada que tinha um catalogo particular? uma biblioteca particular? ou era um numero de telefone? 

quando fui pra taubate ano passado, conheci um cara que estuda arqueologia e ele ficou me falando sobre a historia impressa nas rochas, que cada grao de areia tem uma historia, que um dia um grao de areia pode ter sido uma rocha, ou parte de alguma outra coisa e por ai vai....fiquei pirando nisso tambem, hoje meu olhar sobre as pedras e rochas e afins ja eh outro...e sobre as coisas tambem. tudo tem uma historia, uma poesia...mas isso nao eh pra soar afetado meus amigos...foi so uma coisa que veio...

o dia esta sol e eu comprei cheese stick (uns paozinhos de queijo em formato de palito) pra comer com cafe. toda quarta e sexta tem uma feirinha organica aqui na frente de casa, com comidinhas caseiras, cafe, peixe fresco, frutas, legumes, livros, cristais e um homem que vende relogios coloridos, oculos e sapatos pretos. na quarta, eu vi um tiozao com violao e gaita tocando do lado da feira,  outro dia vi uma senhora dando comida aos pombos. e outro dia vi um homem parado por varios minutos olhando um bando de pardais comendo restos do lixo, eu olhava o homem e o homem olhava os passaros, eu tambem olhei para os passaros e o homem tambem olhou para mim...

e outro, foi esse dia que vi esse senhor dormindo na grama segurando uma caneta. fiquei pensando qual a historia dele e da caneta. dormiu ali, na grama, de boca semi-aberta. sonhava? o que fazia antes de dormir? porque segurava a caneta se nao havia papel ou um caderno ou nada do tipo por perto?...

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