eu
não sei mais nada sobre os sabonetes. um dia estiveram aqui. e foram
dissolvidos pela água. suas partículas espalharam-se debaixo das torneiras.
passaram por dentro dos canos. e hoje estão em algum outro lugar com alguma
outra forma, textura, consistência e composição. existimos mesmo? as coisas que
se desafazem, refazem-se, ou não? se fariam, talvez, se fossem feitas sozinhas.
mas a mistura é que complica. alí perderam-se os pedaços. retalharam-se. a re
formulação parece impossível. não se anda com o tempo para trás. ou sim? sera
que ele veio de la? de lá, de onde? do passado. ou de outra dimensão. de um
lugar onde o sol eh azul. e o céu eh amarelo. e no futuro, onde estarão os
produtos de higiene pessoal? quem você acha acaba antes, as pessoas, o planeta,
ou, os sabonetes? vai saber. sentaram-se ao lado pessoas desconhecidas. o que ha
dentro de cada um? vejo seu rosto mas não vejo você. o que eu vejo é tao pouco.
o que eu sinto é tao indecifrável. o que eu digo é tao frag mentado. o que
escrevo é tao forma tado. olho dentro dos teus olhos. mas. continuo sem
enxergar. eu não me conheço. não conheço meu corpo por dentro. nem por fora.
não me vejo. a não ser em partes. sinto-me, a mim, pouco. sinto-te, a ti, menos ainda. não
conheço aquilo que sinto. não conheço aquilo tudo que não conheço. preciso? não
sei. mas desejo.
1 comment:
maravilhozzo
Post a Comment