Sunday, 9 December 2012

searching soul



num quartinho de um hotel numa cidadezinha no meio de minas. e nao sei onde estou. nao vi o nome. nao sei se faz diferenca. e tenho um prazer nao tao secreto em nao saber. nao sei a estrada que peguei. e nem pra onde vou amanha. passaram-se poucos dias. dias pareceram anos. numa casinha de porta e janela azul. criancas. vaga-lumes. estrelas. e longos dias respirando perto do riacho. um ano. talvez mais. e da ultima vez ainda era inverno. na holanda uma tempestade de neve esta prevista para este domingo. e eu meio do verao. no meio de algum lugar de minas gerais. em tantos anos, poucos emails. poucos sinais do futuro. poucos contatos do passado. o que existe sem voce estar? duas pessoas distantes escrevem dizendo que sonharam comigo. andei passeando? os sonhos estao cada vez mais intensos. e a realidade cada vez mais onirica. na cidade de sao paulo, pessoas devem estar fazendo compras. e visitando a decoracao de natal da avenida paulista. em abadia, tem muita gente que nunca viu um predio. e a rotina do bar da geralda parece que nao vai mudar por causa de nada nesse mundo. parece que ali vai sempre aquela calmaria. na frente de uma igreja que so funciona no primeiro domingo do mes. assisti uma missa. e no meio da missa tem uma hora que o script era abracar todo mundo. e eu abracei. e fui abracada. se eu tivesse la no proximo primeiro domingo, iria de novo, so para poder abracar. no fundo da igreja tem uma sala de promessas. e no banheiro da igreja tem cascas de jabuticaba deixadas pelos morcegos. no meio da noite, vi uma taturana enorme. no meio do dia, um sapo giganesco. e uma cobra de dois metros. enquanto isso, tanta coisa acoteceu fora de la. e tanta coisa aconteceu dentro de mim. o que eh mesmo essencial? as frutas do quintal. os restos de lixo organico para as galinhas. o resto de comida para o cachorros da vila. depois, os ovos da galinha, feitos com o resto do lixo organico. e bolos e paezinhos trazidos pela vizinhanca, feitos com os ovos das galinhas do quintal. o que eh essencial? em abadia nao tem telefone. ninguem tem email. fui pedir autorizacao de imagem para as familias, e os pais nao lembravam as datas de nascimento de seus filhos. rg, nenhuma crianca tinha. algumas, nem pais tinham. mas eles sabiam fazer carrinhos de madeira. e a gente eh sabida que nao tem medo da vida. nao tem medo de cobra. de aranha. de gente. mas tem medo de assombracao. ninguem tem muito nome. nem idade. as familias estao espalhadas por ai. tem crianca que cresce. tem crianca que morre. tem crianca que vira homem e vai logo para o bar. tem menina que vai casar. e tem gente que vai sair dali para nunca mais voltar. meu endereco continua sem ser. meu coracao procurando um lugar pra morar. o amor eu nao sei direito. nao sei de datas. de tempo. nao sei muito de nada. fora do lugar, nao ha lugar. longe de tudo, so ha o que ha. estou aqui, com a mesma calca marrom. a cor da pele mudou. o cabelo encaracolou. talvez tenha sido o shapoo para cabelos secos que minha mae me deu. nao tenho cabelo seco. tenho? sei la. tenho esse corpo que se move. e um espirito que passeia. connheci esse dias uma menina que me contou uma historia que nao sei se eh uma lenda ou se eh verdade. mas ela me disse que o indio sai para cacar. e quando volta, a tribo deixa ele descansando por quatro luas. que eh o tempo que o espirito demora para voltar para o corpo. que o corpo chega. mas o espirito continua na mata por mais esse tempo, ate voltar completamente ao corpo. nao sei quando terei quatro luas no mesmo endereco.

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