Sunday 29 July 2012

dier met acht poten

fui ver este ap. desci do trem antes. fui ver. numero 22. apertei a campainha. saiu um homem. mais velho. sombrancelha grossa. gestos grandes. um quarto. outro quarto. banheiro. cozinha. ele me convida para sentar. sento. ele diz pra eu esperar que ele vai me mostrar uma coisa. ele abaixa. e pega uma caixa. segura a caixa com delicadeza. e vem em minha direcao "voce gosta de gatos?". tres gatinhos filhotes. seguro o amarelinho. ele me conta que comecou a consertar radios aos quinze anos. juntava a mesada pra comprar coisas eletronicas. e foi trabalhar com isso. trabalhou para a sony. e depois. largou tudo. para virar. massagista. hoje da aulas de massagem. era casado com uma mulher "mimada pela familia dela". separou-se. disse que em tres semanas vai viajar por cinco semanas com a nova namorada. "com ela eh diferente, podemos dormir na praia, olhando as estrelas que ela fica feliz". "com a outra, eu teria de passar por, pelo menos, sete hoteis para ver qual era o mais limpo". pra onde voces vao? nao sei, so vamos. pego o carro e vou. aqui. ali. mudo de direcao. olho a previsao do tempo. e vou. me mostrou uma foto dele e da namorada numa cachoeira de agua quente que tem em algum lugar que nao lembro o nome. bonito. ele me oferece uma bebida. saio antes do cha.

someone will call you for little dreams behind the ocean

i coud try this. i could. this sunday morning, the sun is discreet. and shy. not shinning as much. just shying in its own world. the sun's world. thinking about tropical topics. talking with smaller stars. no one would believe that. even he. has his instrospective moments. all that light, turned to inside sights. soaked sun. never felt a drip of water. could never be touched by a living thing before it died. he can touch them though. all of them. they need he. he needs things too. be he doesn't mind. he will carry on. looking from outside. heating our souls. making us smile. we might not notice. we might be thinking about our own shynesses. we might be thinking abou working hours. or what's on in the fashion week show. he was in love with her. the model. the pretty model. she was on the catwalk. holding her breath. and her shyness too. she wanted to go home and be loud. have a glass of wine with her best friends. she didn't care her beauty. she was pretty. that was she. she didn't know much about no being born that way. you are there. that's all one knows. or what one knows better. whatever. i would try to do this way. with twisted tours around the lake. or talking to tall horses. or at those two rabbits over there. what are you thinking about, rabbit fellows? i asked. still shy. in my own shyness. they don't answer. quiet. not a sound. they are there, inside themselves, probably trying to figure, what is the meaning, of life.

Friday 27 July 2012

jump

no verao, o churrasco foi preparado com delicadas porcoes de peixe, batatinha frita, vegetais assados, salada e pao com manteiga de alho e ervas finas. eu nao reconhecia o gosto dos pessegos. nao importa a crise mundial, salgadinhos amarelos transcendem qualquer barreira espacial. o rio estava cheio de argila, pombos de bico vermelho, desenhos de desenhistas. tudo junto meio que paralelamente com as reunioes sobre acao educativa em paises da america do sul. olha, nao se engane, aqui o ddd eh outro. ok. nao eram simples moleculas, estavamos falando da particula de deus. deus do ceu. onde esta seu pensamento, guilherme arantes? estava tentando lembrar o nome daquelas pessoas que conhcemos hoje de manha. quantos amigos voce tem no facebook. solange? trezentos e vinte e cinco. tres meia tres tres quarenta e quatro quarenta, o numero residencial. liga o interfone. bira. bira, sou eu. entra. o andre trabalha num trolebus tradicional trocados sao aceitos para o troco. trapezios. trapezistas. pilotos de aviao, que homens corajosos! glu glu glu. pao com sabor de melancia. dedos encobertos de tinta roxa. rebeldes cabelos com creme de pentear. passaram voando em direcao azul, os patos migrantes. a novidade durou dois minutos e meio. metade de vinte e cinco eh doze e meio. meio mais meio eh um. lembrando que os numeros sao representacoes. vamos trocar de vida? de olhos fechados, eu nao consigo saber onde meu corpo termina.

Thursday 26 July 2012

spreading bits

one fly woke up
now
thoughts on its
head
curious to explore
that enormous
cheek
and bite
somone's
leg
another fly comes over
discreet sight
one looks to the other
and
says it
that no word would ever
explain
what
love
means
the other agees
in silence
and leave
flying to a flower
feeling colours
in this summer night

Saturday 21 July 2012

trip

se eu pudesse fazer qualquer coisa, acho que meu sonho seria ter uma banda. eu faria melodias bonitas e letras incrveis. e as pessoas mais novas iriam querer tocar as minhas musicas e cantar minhas cancoes. se eu pudesse, eu subiria num palco e cantaria com meu coracao. e as notas do meu canto, atingiriam, em pequenas particulas, todas parte do univerrrrso. melodias dissolvidas. pequeninas partes de todo o amor que sinto em meu peito. se eu tivesse o poder de fazer o som sair das minhas maos, das minhas cordas ou do meu sopro, eu teria, definitivamente, uma banda. mas nasci ambidestra e dissonante. com maos tortas. e pensamento espiralado. perco o foco. nao sigo. nao nasci com esse dom. o que fazer com aquilo que nao se pode fazer nada? e olha que tentei. dificil lidar com as limitacoes. e olha que tentei mesmo. talvez nao ao maximo. mas ate o ponto em que aquilo ainda sairia natural. e penso com curiosidade como deve ser nascer com talento pras coisas. ontem fui para uma cidade linda. linda. linda. e tudo funciona. e tudo funciona mesmo, de acordo com os sonhos. e aqueles que nasceram la, ainda devem ousar ter problemas. da onde vem os problemas? ou a falta de talento. ou o talento em si. se eu pudesse ter nascido ali, talvez teria problemas. mas porque nasci onde nasci. nao nasci ali. e isso nao quer dizer que eu tenha problemas. nem que eu tenha talentos. as preocupacoes das pessoas variam. as capacidades e incapacidades tambem. o dia do seu nascimento interfere. o ano tambem. e se eu tivesse nascido cinco anos antes da data que nasci, eu teria ainda mais dificuldades em fazer downloads. isso considerando que eu seria eu mesma. porque minha mae nasceu vinte e sete anos antes de mim, e nao tem problemas com os downloads. mas ela tambem nao acerta o ritmo com a musica. ja meu avo cantava no radio da cidade. pra quem ele passou o dom? acontece, que se eu tivesse nascido cinco anos antes, muita coisa seria diferente. ou se fossem cinco anos depois tambem. mas isso parece ter mais beneficios. mas talvez tambem nao tenha. se a astrologia estiver correta, um minuto a mais e tudo ja seria diferente anyway. e quem sera que nasceu no mesmo dia, na mesma hora, e na mesma cidade que eu? sera que essa pessoa eh muito parecida comigo? onde estao as pessoas do mundo que nasceram no dia treze de abril de mil novecentos e noventa e dois? eu nunca conheci nenhuma. mas muita gente nasceu naquele dia. que curioso. e que vaidosa eu to de ficar falando de mim e dos meus pensamentos. me desculpem se ta chato de ler. se estiver, parem agora, sem culpa. eh que neste dia de hoje eu tava tentando lembrar quem eu era. no meio de fazer planos para o que fazer amanha, lidar com as coisas praticas da vida. tenho de trabalhar. e pagar o aluguel. e voce tambem, provavelmente. e se eu tivesse uma heranca, poderia so viver viajando. mas se tivesse uma heranca, talvez nao fosse essa a minha vontade. talvez eu tivesse outros desejos. talvez se eu tivesse uma heranca, eu teria o talento da musica, e talvez eu tivesse uma banda. mas talvez herdeiros nao tenham bandas. herdeiros tem bens, mas nao tem bandas nem viagens. mas alguns herdeiros devem ter bandas. e alguns herdeiros so viajam. mas nao sei porque estou falando disso. eu falo disso porque eu nao sou herdeira. nem tenho talento. entao eu viajo.

Sunday 8 July 2012

o carma do peixe, ou as lagrimas do crocodilo?

no dia fatídico, o moço ofereceu um peixe de setenta. e a gente pediu o de sessenta. o de sessenta, serviria tres na boa. quando foi servido, parecia maior que o de sessenta. e mesmo assim a gente comeu. mas se pá, só eu se pa percebi a diferença do tamanho na travessa. ou não. mas como tava com a indri e com minha mãe, que tem percepções mais avançadas em relação a coisas precisas como tamanho e quantidade, relaxei. na alegria da janta juntas, a gente comeu quase tudo. na hora da conta, ele cobrou setenta. a gente tentou explicar que tinhamos pedido o de sessenta. e ele ficou vermelho de raiva.  não eram os dez reais. era uma questão de que não tínhamos pedido o de setenta. e sim o de sessenta. nós três sabiamos disso. nós tres concordamos em pedir o de sessenta juntas, e aquilo era muito certo para nos. e o que era justo, era justo. ou não. o moço disse que a gente tinha pedido o de setenta. e a gente disse que não. e ele disse que sim. e depois ficou mais vermelho. e bufou. depois chorou. depois disse que tinha escolhido o melhor peixe pra gente. e se não pagássemos, sairia do bolso dele. eu, que tendo a acreditar nos garçons, acredidei no moço de cara. as outras ficaram cabreiras. pagamos mesmo assim. a sensação de nao saber se te passaram a perna ou nao eh horrível. e ter de considerar essa possibilidade eh uma coisa dolorosa. lagrimas, todo mundo tem. novela, a gente já viu. encenar, começa-se cedo. entao, quem tava falando a verdade? e o que eh a verdade? e de que ponto de vista? 
desci hoje  na rodoviária do tiete as quatro e meia da manha. o metro começava a funcionar as seis. e eu tava de boa em esperar. apesar de um pouco cabreira em andar ainda na madruga por aqui. não sei. considerei um taxi. e o cara surgiu. "taxi, taxi...".quanto custa mais ou menos daqui ate a rua santo amaro, perto do Anhangabaú? sete e noventa. entendi sete e noventa. no meu sono. nas quatro da madruga. depois de mil horas de role. fora a dislexia e a toda aquela coisa. nao suspeitei. eu juro. o cara me levou para uma garagem atras do terminal. um carro sem placa de taxi. titubiei em entrar. e ele me explicou que eles eram da cooperativa. e que tava tudo certo. e que eu ia chegar em casa a salvo. a explicação me convenceu. ou eu queria ser convencida por ela. talvez. queria chegar em casa. e o cara nao parecia um vilao. entrei no carro. viemos numa conversa amena, sobre o tempo e a chuva. fazia frio. faz frio. pensei, só agora, sobre os sete e noventa. e, nesta hora, este valor, pareceu menos provalvel. me convenci em pensamento, que ele poderia ter falado dezessete e noventa. dezessete e noventa ainda seria ok. caro mas ok. para o conforto de chegar em casa ainda as cinco e dormir ate a hora do domingo começar. qualquer minuto conta quando se esta na contagem regressiva. então, valia, sim, a pena. ate vinte reais, ok. 
chegamos na frente do famoso predinho. ele me diz: "sessenta e oito reais". eu me choco. me choco com todo meu coração. como assim moço? sessenta e outo reais, sete e noventa o quilometro, foi o que te falei. ca ra lho. ca ra lho. e minha passagem para o rio tinha sido setenta e cinco. como assim???? mas moço, eu não tenho esse dinheiro. como assim, você me faz vir ate aqui e fala agora que nao tem dinheiro? eu entendi sete e noventa. sete e noventa o quilometro, eu te expliquei. ele nao explicou. ele nao ex pli cou. mas pode ter falado, sim. sete e noventa o quilometro, claro que ele deve ter falado. 
comecei a chorar. e a chorar. por tudo. por toda a vida. por todas as coisas que não pergunto direito. pelas conclusoes equivocadas. pelos mal entendidos de uma vidinha de trinta anos cheia de tropeços. eu choro, profundamente. ele diz "calma moça, também nao tem porque chorar. me de o que voce tiver que ta certo". remexo minha carteira e lanço trinta reais. eh tudo que tenho moço. ta bom. vai pra casa descansar moça. obrigada moço, desculpe pelo inconveniente. nao tem problema. mas tinha problema. claro que tinha. na cabeça dele, também passaram mil coisas. incertezas. ou certezas. historias parecidas. não deve ter sido a primeira vez. ou talvez para ele, trinta ja tava ok, ja que não era oficial, e poucas pessoas em são paulo entrariam num taxi sem registro e sem placa de taxi no topo. o que era o que? eu não sei. ele também, acabou sem saber. mas certamente, ele duvidou de mim. das minhas lagrimas. da minha cena. enganei ele? me enganei? mas sessenta e oito eu não ia pagar. eu não queria pagar. nao era justo pagar. mas era justo, poque. se ele explicou, eu aceitei. então alguma injustiça rolou. ou não. e são pontos-de-vista. mas me doeu. e a ele, alguma coisa, causou. a mim, angustia. muita angustia. 
entro no prédio cabisbaixa. subo seis andares. abro a porta. as plantinhas estão murchas. eu estou murrrcha também. sento, choro. nao sei porque. talvez por tudo. por nada. pelo vazio. pela morte. pela duvida. pelo medo. não sei. choro. eh um recurso bom que vem com o corpo humano, esse de chorar. senão não escorreria, e isso ficaria la dentro. então eu uso. e choro. e penso no garçom de goias. acho que foi uma resposta. decido escrever sobre isso. 

Sunday 1 July 2012

praia de acrilico

jogaram concreto e plastico colorido
na vida das pessoas
mas elas nao perceberam
que estavam afogando-se
em narrativas
artificiais