Thursday 24 October 2013

hereditárias


o bebê real. de pensar assim. que existe. um bebê real. o batismo. do bebê real. na moral. na absurda realidade do conto da realidade propagada por alguma companhia de seguros que você paga todo mês para te garantir garantias. me pergunto. onde é que vão parar os restos de todas as quinquilharias domésticas que a humanidade terá acumulado numa época em que os netos da nossa geração estiverem velhinhos? olha geraldo, eu, sinceramente, não sei. hoje é dia vinte e quatro de outubro. se a rainha elisabeth fosse eu, ela estaria em taubaté agora.

24.10.13
1:54am

Tuesday 22 October 2013

cindy


preta. branca. marrom. olha pra mim. deitada na cama. quase se apagando-se ela. se mistura-se com o edredom roxo. eu, que vou deixar este móvel a qualquer momento. estatura pequena. eu poderia morar dentro de um guarda-roupas. dentro de uma caixinha de sapatos. eu poderia me esconder em sacos. pular em muros. eu poderia ter nascido você. me lançar pra cima. andar descalça. sem calça. sem vestido. eu poderia caçar bixo. lagartixa. beber a água da poça. arranhar a perna do moço. fazer rimas mais simples para uma vida cheia de pêlos coloridos. pêlos meios das grades do povo. quais eram os seus limites? patas tetos das casas alheias. olhando tudo por seus próprios ângulos. sentindo a vida nesta estrutura. de trinta centímetros. de gato.

22.10.13
5:17pm

Monday 21 October 2013

lunes


eu não sei se é essa lua cheia. ou a barriga que ta mexendo acelerada. a ânsia da ansiedade de um breve apelo de novas estruturas externas. pedi a deus uma carta-convite. caixa do correio vazia. e um milhão de coisas na cabeça. a mente atormentada. comprei livros de meditação mas aqui do lado tem um prédio em construção. ouvido não fecha quem nem boca. se eu fechar a boca, não entra mosca. mas a cabeça não para. os dedos, o teclado, a tela. a paca, o tatu, a pausa. respiração em quatro tempos para começar a semana. sonhos mais realistas para viver as possibilidades ao redor da pele. terra a vista. ou parcelada?

21.10.13
12:12pm

Thursday 17 October 2013

river side under or above


ela cresceu acreditando que ele seria forte e, ela, frágil. ele cresceu acreditando que ela seria frágil e, ele, forte. ela cresceu e, percebeu-se, também, força. ele, fragilidade. sofreram as incertezas da busca de uma verdade unilateral assumida como pré-requisito comportamental. sofreram. olhando no olho do outro, a simplificada existência de seres sofrendo a ação do atravessando tempo nas solas dos pés seus. buscaram justificativas. queriam encontrar explicações. talvez, estejamos, em busca da união dos pontos espalhados dentro de nós mesmos. sou uma bolinha. no espiral da vida, posso-me crescer como a semente que se brota-se até ser integralmente árvore. a história da borboleta. somos parte da natureza. existe um fluxo. uma complexidade possivelmente simples que , talvez, só conseguiremos compreender, quando aprendermos, a ser.

17.10.13
2:37pm

Sunday 13 October 2013

poesia



pipoca branca que estouras entre saturados óleos quentes. queima-me a alma. arranha-me a gengiva. salga-língua. e surpreende os magos dos bosques azuis, num mundo de sofisticados gnomos verdes.

13.10.13
meia noite e dezenove
em outra parte do planeta

Friday 11 October 2013

letting

o que suzana disse em seu leito de morte: 
minha filha, a paixão não muda o estado natural do objeto de paixão do apaixonado. as coisas são o que são.
fim.

11.10.13
2:27

Tuesday 8 October 2013

meio


mudanças são tremendamente assustadoras. acreditar pode gerar espaço para que a realidade exponha-se dando-lhe uma amostra gratis num palito de sorvete premiado. saudosismo sabor de nada. nostalgia não dá futuro. sinto falta do seu lenço, florencio. frio. mesmo sem fogo, a sensação de que a lareira existe já era esperança. o eterno inverno nos deixaria desesperados nessa luz de janeiro-noite. duas primaveras. outonos passaram. três e quatro. eu preciso superar esta falta de sonhos.

9.10.13
3.4am

Saturday 5 October 2013

tic tac


penso. vejo. minha vida. as pessoas que conheço. que conheci. as escolhas que fazemos. as que nao fazemos também são escolhas. causas. consequecias. vejo minha vida. e me pergunto se fiz o melhor por mim. nao adianta quantificar. nem qualificar. fiz o que fiz. e mudei. cobrar dividas ao espectro não soluciona o momento. agora. não me ajuda muito. não altero o passado. tenho a possibilidade de mudar meu olhar sobre ele. é só. me pergunto se. se. se. mas aí não adianta. atrasa. não adianta nada adiantar o que ainda não chegou. ansiedade é um mal contemporâneo. vejo você. suas escolhas. você fez essas escolhas. ou deixou plutão governar seu destino? em impulsos e preguiças. entre medos e angustias. que te impediram fazer outras. eu me vejo. ja passou algum tempo. vai passar mais. a morte ainda me choca. ela me toca. ela está presente no presente. a cada instante. me expondo a fatalidade do fim de cada historia. desta. a vida vai acabar. a oportunidade vai passar. eu estou morrendo. você também. eu estou viva. talvez eu deixe esta vida passar sem mexer em nada. por apego. e teimosia.


5.10.13
8:47am