Saturday 30 April 2011

vou no mercado hoje.

Oi, então, eu gosto muito de você mas é que eu gosto mais de outro, por isso prefiro que a gente não se envolva demais, tá? 'Quê?! Deixa essa conversa pra lá. Isso tá muito estranho'. Olha só, recebi sua mensagem, mas to pensando em me apaixonar por outro, você não se importa né? 'beleza'. Oi, eu te liguei mas foi só na amizade; gostei de passar o feriado com vocês. Ai, quer saber, vou ligar pra Deise pra almoçar, fazer as aulas de dança, ficar bem de boa. esse lance de relacionamento só me dá nó. Viu, se você não vier logo pra cá eu vou à forra! é mentira, não vou não, nem quero, esse lance de forra já me cansou. Tinha um que sabia se defender, devia sofrer do mesmo mal, ou não. Como diria uma amiga 'Eita porra!'

Friday 29 April 2011

a dani derrubou sopa no rei de tonga

sexta-feira de feriado. ligo a tv e pessoas freneticas comemoram um casamento. reis, rainhas, principes e pricesas contemporaneos vieram para a ocasiao especialissima. choco-me com a multidao de pessoas segurando convictamente suas bandeirinhas e os rostos de um cara e uma mina estampados em suas camisetas. pessoas soltando fogos de artificio e gritando e pulando e sacudindo o esqueleto celebrando a uniao de duas pessoas que elas nao conhecem e mesmo assim pagaram pela festa com gosto. agora uma velhinha vestida de amarelo passa numa carruagem e o povo vibra. os comentaristas soltam "nos amamos a monarquia". agora eh o entrevistador falando com um grupinho de criancas que demonstram como fazer o gesto de reverencia. mais cedo ouvi que a grande expectativa era para o vestido que a mae de kate estaria usando, ja que famosa ficou por sua duvida vestuaria para esta manha. ops agora um flashback do casamento de diana e charles. the brits miss di loads. soldadinhos de vermelho desfilam liderados por um rapaz vestido de dourado. passa a banda, seguida de cavaleiros. volta a camera para o entrevistador que fala com uma familia que veio junta assistir a palhacada "valeu a pena?" "sim" "o principe estava bonito?" essa foi para as criancas, vira agora para a avo "o que esta achando deste dia especial?" "absolutely fantastic". sim sim. agora a familia toda canta o hino a rainha (sim, ha um hino so para ela!). hoje ate os ingeleses estao sorrindo. e tenho uma amiga que trabalha num hotel de luxo e anteontem derrubou sopa no rei de tonga. serio, era mesmo, o REI de TONGA. tonga fica perto da nova zelandia. na escola que eu trabalhava tinha 2 cds de musica tipica de tonga. a nova zelandia pode sumir em breve. todo mundo quer ver o bejo do willian ca kate. e eu vou tomar cafe, sucrilhos pao e manteiga. viva o dia de folga. viva tonga. viva eu viva tudo. and the show must go on.

Sunday 24 April 2011

acabou o feriado

ressaca. to de ressaca. preguiça de falar. preguiça de sorrir. sono. eu to de ressaca. o feriado foi longo. teve vista pro mar, caixa de bombons, comidas típicas, fogueira, rosas vermelhas, violonista, cantoria, caipirinha, ressaca. serviu. e ela tava lá, foi bajulada por dois caras. um tinha medo dela e deixou mais explícito depois de alcoolizado. o outro era bem seguro de si, e com alcool ou não, se aproximava e fazia um agrado. e ficou por isso mesmo, flores no vaso, amante não revelado, amado telefonado. a ressaca e uma boa tristeza de me ver.

blues de castanolas

sentada num sofa vermelho, estou no segundo andar. la embaixo uma ruazinha estreita cercada de predinhos antigos com flores nas janelas. as pessoas passam para ir a procissao. domingo de pascoa, a procissao durou quatro horas. pracinhas simpaticas sao muitas e igrejas antigas sao tres, no mesmo quarteirao. as pessoas falam engracado e vestem-se com roupas extravagantes e maquiagens pitorescas. as criacas ficam na rua ate tarde da noite. presunto curado eh barato e ontem no supermercado me empolguei geral. na night eh cerveja ou sangria com porcoes de semente de girassol salgadinha. sou apresentada a pessoas e elas me comprimentam com sorrisos calientes e graciosos "holas", encatada. sinto-me em casa e tao longe de la. e onde fica o "la"? milton nascimento da uma entrevista no documentario passando na tv. amigos sao magia. e eu vou deixando voces por aqui.

Saturday 23 April 2011

de longe

estou longe estou perto de uma historia antiga nao sei quem eu sou nem onde vou morar na semana que vem tive aquele sonho com o mar de novo que foda
esse é o 1º ano q eu não tenho uma agenda. marco tudo o q eu preciso lembrar no calendário do celular e ainda tem a vantagem de ter alarme. odeio cada vez mais papel. pega poeira e eu sou alérgica. ocupa espaço, vira bagunça e eu tenho preguiça. e a minha letra tá ficando cada vez mais horrível. já li um estudo neurocientífico desses dizendo q pra aprender alguma coisa é melhor escrever do q digitar. pq escrever ativa mais áreas cerebrais e tals. e realmente escrever dá mto mais trabalho do q digitar. papel tb pesa. e eu vi esses dias um filme q tinha cenas de palestras motivacionais q falava sobre o q se carrega na mochila e o peso q essas coisas tem. se eu tivesse só 1 mochila pra carregar minhas coisas, com certeza papel não seria uma coisa q eu colocaria lá. papel no formato de agenda, foto, carta, declaração de IR, contra-cheque, nota fiscal paulista, dinheiro, livro. o único papel necessário ainda é o papel higiênico. e folha dupla, por favor.

Wednesday 20 April 2011

eh foda

eh foda.

ahhh

estou no trabalho. sofia ajuda a jardineira la fora, a jardineira eh uma mulher meio grande, loira de olhos azuis que usa um anel dourado e grossinho no dedinho. gente boa, tem um telescopio e oberva as noites estreladas, era professora primaria e resolveu virar jardineira e isso eh tudo que sei dela. mato tempo no computador. num dia inteiro de trabalho, escuto meu nome umas 314234 vezes "fernanda fernanda fernanda fernanda fernanda" fico tonta. imagina uma mae meu deus: "mae isso, mae aquilo, mae posso isso, mae posso aquilo, mae vem aqui, mae machucou, mae to com fome, mae to cansada, mae vamos embora, mae me da nao sei o que, mae mae mae mae mae" en-lou-que-ce-dor. preciso de ferias.

Tuesday 19 April 2011

tá tudo bem? tá. então diz que tá tudo bem.

Oi, e aí? tudo bem? como vai? aqui vai indo, comi demais. tenho comido mais. o almoço é bem servido, pedi pra servir menos. essa noite comi demais. Continuo cortando a franja eu mesma. cabelos secos, desajeitados, me desagradam. passou uma hora e não consegui ajeitá-los. Muitos ratos estão nessa cidade, na orla, no forro, no estacionamento. corujas comem ratos. será comum alguém abrir a porta do apartamento e dar de cara com uma coruja? talvez não pra alguém que veio de Santo André. eu vi os ratos, ele viu a coruja. depois daquele dia ele reparou no canto dos pássaros. depois daquele dia eu liguei a televisão pela primeira vez aqui, mudei várias vezes de canal, desinteressada. depois daquele sábado à noite tive menos vontade de ler, a sensação de cabeça vazia e lembranças me levando pra longe. Explico. O que aconteceu foi um serviço eficiente de bombeiro. rolou o incêndio, soou o alarme e apaguei o fogo. simples assim. ação rápida e prática. agora estou varrendo as cinzas. dormindo pouco. quieta, inquieta. em dúvida, sem dúvida. alguma apatia. sono. algo inacabado.

o olho e o corvo

hoje escrevo com a porta do quarto aberto. a porta do quarto da para a porta do banheiro e minha flatmate esta num entra e sai carregando suas roupas molhadas, lavou as roupas na banheira. minha flatmate eh uma inglesa gente boa, ela tem 26 anos, tem um sotaque forte que eu demorei umas semanas para me acostumar e trabalha num lugar que faz olhos posticos pela manha e num pub a noite, ela sempre chega bebada e um dia desses entrou pelada no nosso quarto de madrugada, outro dia foi o namorado dela, um austrliano tiozao com cara de cachacero que eh professor primario. eu piro nesse trampo dela, muito curioso. ela disse que aparece todo tipo de gente, a maioria sao pessoas que sofreram acidentes de carro, mas  que, direto, aparece gente que o corvo comeu o olho. essa historia do corvo dar uma bicada e comer o olho me aterroriza, fiquei sabendo so em 2008 por via de minha irma elhanna. e isso neh, de ter uma irma. esses dias lembrei que tenho um pai, que ele ta vivo e mora em taubatexas. incrivel a gente nunca ter trocado ideia, meu pai veio pra mim, depois de dois anos morando aqui e, a unica coisa que ele perguntou foi "e ai, aprendeu ingles?" falou tipo "e ai, prendeu ingleixs" porque ele tem um sotaque mineiro. eu disse sim e fim de papo. ja o pai do thiago perguntou "e ai, encontrou o que voce foi procurar?". essa foi mais complexa, porque eu nao sabia ao certo o q fui procurar ai nao sabia se encontrei, mas fiquei pirando no que poderia ser. tipo "sim, aqui esta!" e tirar, sei la, a rainha elisabeth, da mala, ou uma xicara de cha, ou, inexplicavelmente, uma crianca de 8 anos. a minha outra irma mora na espanha e ganha uma grana suspeita de um cara que faz uns rolos com bicicletas. elhanaa falando de tahunna lifestyle: "ah, tahuaaaaaana....tahuaaanna so usa roupa de marrrrca" ja viu neh. e meu pai uma vez nos anos 90 quis botar banca de english speaker e falou jim carreei, tipo, carei, assim, ai eu perguntei mas nao eh jim carriii, nao, eh care-ei. ok dad. familia neh genti. ai fora isso eh o trabalho, voces vao aguentar trabalhar para sempre? passo horas pensando em estrategias para viver uma vida facil e fugir dessa realidade triste, ai tava pensando em perguntar se voces tao afim de mudar o sistema, puta ideia neh. entao. caralho. como, como todo mundo fica de boa com isso? eh so a grana ou tem algo alem? porque ate agora, nenhuma matematica relacionada ao trabalho fez mto sentido pra mim, porque sei la, dinheiro nao me gera mta ambicao, assim, comprar coisas, comprar uma casa, essas paradas nao faz sentido, entao pensando assim, so mesmo o suficiente para pagar o aluguel de um quarto, dividir uma casa tambem parece melhor do que trabalhar o dobro ou o triplo para pagar uma so pra mim. na idade de 29, ja tenho roupas suficientes para passar os proximos 20 anos, ai comida da pra economizar bastante compando legumes frutas arroz e pao, sei la, andar a pe eu vou...mas mesmo assim, nao era disso que eu tava falando, embora tenha a ver, mas o lance eh fazer a mesma coisa por um tempao, ai passam os anos e voce ainda esta fazendo e, se nao eh aquilo eh outra coisa, mas sempre trabalhando, tipo, nao ha paixao que dure esse tanto, ou tem? gostaria de ser paga para ficar trocando ideia com o pessu, acho que eh o unico cargo que garanteria estabilidade. minha flatmate agora entra e sai do banheiro escovando os dentes, ja foi e voltou tres vezes, na do meio ela entrou aqui pra devolver misto quente, o livro. minha garganta arranha, eh gripe. ou nao, poderia ser aquela musica da ana carolina tambem. vou tentar dar uma revisadinha aqui antes de clicar no "publish post", mas ceis tao ligado que sempre sobra um errinho ou outro nos textos da amiga aqui que vos fala neh, foi mal, na entrevista de emprego eu tenho que mentir quando me perguntam se "sou atenta aos detalhes". ai jesuis. hasta la vista.

Monday 18 April 2011

apagado

desencanei do ultimo texto. fica a saudade de uma idea possivelmente interessante. ou nao. adeus

piano

ah acho q nao foi coincidencias, foi? voce acha? putz nao sei. nao sei. mas parece que nao foi neh. nao da pra saber. eh, eu sei. parece que nao. mas nao da pra saber se foi tambem. eh nao. nao da. to viajando? pode ser que esteja sim. eh neh. eh. mas voce acha que aquilo quis dizer alguma coisa? se voce quiser achar sim, sim, se nao, nao. mas ai sou so eu. mas eh mesmo. entao eh isso? eh ue. espero pra ver? deixe rolar. pode crer. mas tipo, voce nao acha que pode ser que tinha que ter sido? nao sei. porque teria? nao sei. por causa de alguma coisa que ainda vai aconter. ou que ja aconteceu. pode ser e pode nao ser. mas voce acha que eu to pirando ou que faz sentido? sentido faz, mas tudo faz sentido se voce quiser. eh, faz sentido. mas faz diferenca? o que? saber se foi coincidencia ou nao? ah faz e nao faz. eh que se a gente soubesse que nao eh, daria para interpretar com mais consistencia. ta, mas, se voce tivesse certeza que tinha de ser, nao pensaria que poderia nao ser, e isso seria aprisionador, nao seria? eh. entao. pois eh, mas ahhh. que foi? curiosidade eh foda. matou o gato. aff. eh que se eu tiver viajando eu quero saber. deixe passar. e nao crie expectativas. nem vou. entao fica de boa. ja estou. entao ta. entao ta entao.

Sunday 17 April 2011

antes do sono e dos sonhos o que sao os sonhos?

e qual o proximo capitulo? e escrevemos um capitulo por dia e nem nos damos conta. as vezes repetimos os capitulos e dai eles viram um capitulo mais longo  nao precisa ser por dia tambem, sei la, nao tem logica e nao escrevemos nada vai,  pra que ter tanto registro? voce tem memoria boa? a minha eh falha. nao lembro muitos detalhes mas lembro de muitas coisas, so que as coisas que eu mais lembro estao misturadas com coisas que acho que foram daquele jeito, porque as coisas que lembro melhor, sao aquelas de quando estava alterada por emocoes intensas naturais ou aritificiais. sentimentos sao coisas muito malucas, porque sao criacoes da nossa cabeca, como escolhemos conduzir as historias que vivemos. ai tem muitas outras conexoes, tipo, tem aquilo que esta acontecendo, o que aconteceu e, o que voce acha que aconteceu, e, o que voce acha que esta acontecendo tambem. ou seja, pura pira. ai tem o lance das energias, que eh a parte magica da vida, dos encontros, que nao sao as lembrancas, nem os fatos, mas as misturas, aquela troca de luzes multicoloridas eh muito fantastico e a quimica eh energia pura e tem aquela coisa de quando voce tem uma conversa muito boa e a cabeca parece que expande e o amor aumenta e voce se mistura com a ideia do outro como se fosse tudo uma so mente. a vida tem tantos misterios e eu as vezes esqueco, mas tem tanta coisa que a gente nao sabe e nunca vai saber. tem essa coisa de astrologia e numerologia e previsao de futuro em borra de cafe. as linhas das maos, sao mesmo mapas da vida? coincidencia ou destino? se for coincidencia, ainda assim ha uma matematica? e, se for destino, quando e, como, ele foi combinado? parece que ha uma harmonia, esta tudo ligado. ou nao? hoje o lucio me contou que conversou com uma ufologa goiana que disse que ja catalogaram 60 especies extraterrestes, sera? quem sao os extraterrestres? onde vivem? onde ficam os outros planetas? estamos vivendo num programa de computador? o que sao os espiritos? eles existem? existem outros planos espirituais? quem controla o mundo? porque umas pessoas pensam mais que as outras? porque as pessoas acreditam mais em ideias estupidas do que em ideias inteligentes? porque algumas pessoas querem ser tao ricas, o que tanto elas querem comprar? o que somos nos? quem fez o design da zebra? e da girafa? como escolheram as cores da natureza? sera que consigo levitar se treinar bastante? o que sao os sonhos? enfim. ta tarde aqui, fica o pensamento ai pra voces. ate.

ae

final do final de semana. semana que vem vou viajar, minha patroa ficou bravinha e eu provavelmente seja mandada embora. penso isso em funcao de seu tom hostil nos ultimos e-mails recebidos. tudo bem minha amiga, nao eh pessoal e eu to bem de boa. vou ver o mar, que saudades do mar. omar. omar eh o nome de um ex professor e de um ex colega de trabalho de um ex namorado. ja faz tempo que te conheco e cada dia te amo mais. nao sei que tipo de amor eh esse mas eh tridimensional, multicolorido e alinear. magia. indri como ta ai em aracaju? hoje fui numa feira, dancei na rua e conheci um casal de intelectuais esquerdistas que tem uma lojinha de livros muito simpatica no segundo andar de uma construcao antiga. e a vida segue. e aquele abraco.

Friday 15 April 2011

customer service

sabem quando achavam que a terra era quadrada e que no final do oceano havia um abismo e la seria o fim?
engracado. hoje voltando do trabalho, a moca do mercado perguntou como eu estava. marketing. trate bem o cliente, tratamento amigavel, pessoal, e patati. essa rede de supermercados adota essa estrategia, boa sacada para um pais cheio de pessoas solitarias, vale a pena ir ao supermercado so para ter a certeza de que voce esta vivo quando a moca do caixa olha nos seus olhos e pergunta como foi seu dia, nao eh so marketing, eh terapia tambem. eu ja tava ligada da estrategia do mercado ha tempos, mas hoje eu desabei e, foi nesse instante, que eu percebi que a terra eh redonda, que o fim nao eh um abismo visivel. o fim, eh a surpresa e o panico de perceber que, na verdade, ha ainda um oceano pela frente. o caminho continuo eh mais assustador que o fim, acho que eh aquela senscao de exausatao, tipo, quando quase toda sua energia ja foi gasta para chegar ate aquele ponto que voce achava que tava vendo e achava que era o fim, e dai voce percebe, ali, sem mais combustivel, que vai ter de navegar um tanto, um tanto que sua cabeca nao consegue imaginar quanto eh, ai voce olha para o inifino e pensa "e agora, sera que volto ou sera que sigo? mas sigo pra onde?". sinto cancaso.
estou rodeada por mulheres que parecem estar desgostosas com a vida. o desgosto eh diferente da infelicidade, eu acho. as maes, que eu trabalho para, sao pessoas assim, como eu voce e todo mundo. mulheres que trabalham e cuidam de seus filhos e que esperam o marido que nunca chega. elas nao sabiam que isso ia acontecer, elas nao perceberam isso acontecendo e, quando quase se dao conta, ja tem mais uma, duas, tres pessoas, precisando de suas energias, querendo atencao, querendo carinho. e elas dao, elas dao o maximo que podem, aprendem a gerar energia sem receber nada em troca, sao mulheres sos, que ja atingiram um nivel de tolencia fora de seus controles e nao perceberam que elas ja nao estao sendo, elas perderam-se no tempo, nas concessoes, um pouquinho a cada dia, ate ficarem secas por dentro.
uma amiga minha, uma vez disse, que estava seca por dentro. na epoca eu nao compreendi, mas acho que sei um pouco, agora, desta sensacao, de nao-lubrificacao da vida, gosto de boca seca, de comida sem sabor, de ficar em casa em dia de sol, de falta de vontade de falar, de nem tentar. eh uma secura, que comeca a rachar com o frio, ate um ponto, que voce nao consegue se mover de dor, uma dor chata, de coisa rachada, de sangue seco e pele respada. imobilidade. voce pode virar uma estatua, um fastasma, uma penumbra de gente, vagando por ai, esperando alguem perceber que voce esta ali, ate o momento que ate voce esquece que voce esteve ali e foi ficando..ou sumindo...ou desaparecendo do espelho...
agora me veio outra coisa a cabeca que eu achei bem legal. tipo, todas as possibilidades de descobrir que a terra nao eh redonda, todos os caminhos que "o homem" percorreu ate chegar a esta conclusao, ou, ate a informacao chegar ao mundo como uma verdade cientifica...nossa...o quanto "o homem" nao deve ter pensado sobre esse assunto. imaginam? a curiosidade de saber onde era o fim, ou, o que iriam ver quando chegassem la, muitas e muitas horas de conversa, suposicao e pesquisa.
a vida eh loca mano.
hoje, voltando do trabalho, passei no mercado para comprar comida pronta para a janta. janto so. nao tenho tido muita vontade de cozinhar...

*** 

resolvi dar uma pesquisadinha e divido aqui com voces o que o wiki conta:

A noção de uma Terra plana se refere à idéia de que a face habitada da Terra é plana, ao invés de curvada ou esférica.
Nos dias de hoje é muito comum supor que as pessoas da Antiguidade geralmente acreditavam que o mundo era plano, mas a idéia de uma Terra esférica já havia surgido na Grécia de antes de Cristo. Nos tempos de Plínio, o Velho (primeiro século) essa idéia era bem aceita no mundo greco-romano. Nessa época, Ptolomeu derivou seus mapas de um globo curvado e desenvolveu o sistema de latitudes e longitudes. Entre os primeiros cristãos, uns poucos escritores questionaram ou mesmo se opuseram à esfericidade da Terra com fundamentos teológicos, mas muitos desses não são tidos como influentes em períodos posteriores como a Idade Média, devido à escassez de referências a seus escritos.
A Idade Média começou com a desintegração da civilização romana, (em torno do século VII), quando a Europa ocidental se desorganiza, empobrece e perde contato com muito do conhecimento científico que havia sido desenvolvido pelos gregos. Apesar disso, os principais escritos cosmológicos do início da Idade Média continuaram considerando a Terra como esférica; e é seguro afirmar que no máximo em torno de 1100, época do Renascimento do Século XII, o modelo geocêntrico de Ptolomeu havia suplantado qualquer dúvida acerca da esfericidade da Terra na mente de pessoas educadas no continente.
A noção de que durante a Idade Média haveria uma "crença na Terra plana" foi forjada no século XVIII, e ainda é uma visão popular entre não-especialistas. Por outro lado, medievalistas e historiadores da ciência atualmente concordam que essa é uma concepção falsa. Em suma, os poucos autores ocidentais do mundo antigo ou medieval que comprovadamente combateram a esfericidade da Terra foram exceção, eles eram geralmente ignorados ou tratados com pouca seriedade nos círculos intelectuais de sua época.
Outros povos começaram a entender a Terra como sendo esférica, ao invés de plana, em datas diferentes. A civilização chinesa, por exemplo, só começou a discutir a hipótese da Terra redonda no início do século XVII. Atualmente ainda há populações mais isoladas que nunca elaboram ou foram expostas à noção de uma terra esférica e ainda acreditam que a Terra seja plana.

Wednesday 13 April 2011

presente

 óculos vermelhos. use óculos vermelhos. comprei um de cor âmbar que deixa tudo bem mágiko. daí sempre saio de casa enxergando tudo com as cores que quero, com a musica nos headphones fazendo a trilha daquilo que quero ver. acreditando no meu mundo. e fazendo ele acontecer. assim. no daybyday.

(tiquero amor)

Tuesday 12 April 2011

depois do banho, o rodinho

o dia comecou com a limpeza da geladeira de outra pessoa.
depois, foi um almoco na casa de uns milinarios suicos. quer coisa mais cliche que uns suicos milionarios? coisa de novela das oito, neh menina? entao, e esses, foram os primeiros que eu almocei junto. a casa, eh uma mansao com piso de madeira polido e as criancas tem uma CASA dos fundos para brincar. a baba paraguaia, a faxineira filipina, 4 filhos loiros de olhos azuis, um pai, uma mae, a sofia e eu, a baba da sofia, numa mesa longa, com pratos e talheres finos. me senti num set . dado momento, a filha mais velha, que tem 16 anos, contou que ta fazendo um trabalho sobre as favelas do brasil. deu a deixa? fui eu falar de desigualdade social, explicar que a formacao urbana e tudo mais eh uma questao historica e, que, para a pesquisa dela, era importante analisar os aspectos globais dessa questao. a menina, inocentemente, na mesa de jantar, da familia milionaria da suica, no caso, a familia dela, vira para a baba, que ta de bico na historia, e pergunta "e porque os ricos nao dividem entao com os pobres?" hahaha, imaginaram a cara da mae? pois eh. "pois eh, ELES deveriam".... 
durante a tarde, uma ida ao playground e aproveitei para sentir o sol.
terimou, que esqueci a chave de casa e fui matar tempo no bar, tomando uma breja, na melancolia da solidao. tentei escrever um pouco num caderninho mas nao rolou. terminei a cerveja e fui passear de onibus ate dar a hora de alguem chegar em casa. senti saudade do brasil e da gente amiga. a cidade estava bonita,  o por-do-sol estava vermelho e foi legal ver tudo isso enquanto os mutantes cantavam no mp3.
agora, 22:29: ultimos minutos dos vinte e oito, setanda no sofa marrom, escrevendo isso, enquanto ouco um rapaz, sem calcas, mastigar frango com cuscuz e salada. frango de sabado, mas ainda ta bom. sabado foi o frango e domingo a gente foi num restaurante portugues, com portugueses de verdade e jogo do bingo. fizemos amizade com uma senhora da mesa do lado, jogamos tres vezes e perdemos quinze libras.
e a vida segue, amanha eh 29, talvez eu coloque a musica do legiao pra voces escutarem.
agora eh um banho um beque e boa noite.


Monday 11 April 2011

onze de abril

11:15 da manha, numa casa branca, em londres, assistindo harry potter and the chamber of secrets:

-what do you fear the most?

-hummm don't know...
snakes, i guess...
how about you?

-the thing i fear most?
i think, it is, the fear itself.

sofia humilhou.

Sunday 10 April 2011

o belo adormecido

"drobá as roupa". "apressá os valor de aluguel". "a casa é horrorosa, se você não gostou daquela outra nessa aí cê ia morrê". e a música entrou pra dentro de casa "uma mão vai no guidão a outra tapando a calcinha". sabonete de nicotina. e chove sem aviso, chuva de um minuto. ainda bem que a companhia é boa e a mariscada também. socializar dá trabalho. to trabalhando mais do que gostaria. muitos ratos rodeando. tensão. "eu sou do povo, eu sou um zé ninguém". tá foda ser um zé ninguém. quero desesperadamente começar a fazer aulas de música. "é porque você não é uma pessoa realizada no trabalho." é? o Jansen bebe sempre. as vezes parece que entendo porque ele bebe tanto. eu vou morar em qualquer lugar e comprar um carro. sem um carro a vida vai ser dureza aqui. cumprimentei a Núbia Faro, cantora. foi simpática comigo. vontade de encher a lata. meu dedão do pé direto está dormente há dias. é o dedo da alegria. devo estar longe da meditação.

em algum capítulo do romance

primeiro happy hour em Aracajú no bar de paulista, acompanhada de um paulista. rolou alguma empatia forte. conversamos e eu sorria muito. ele reparou e comentou. em poucos segundos me veio uma retrospectiva e a constatação de que era difícil pra mim não ser simpática. talvez pelos tantos anos de esforço. notei inclusive que naquela conversa era difícil não jogar algum charme. eu já não sabia quem estava ali naquela mesa de bar, com aquele comportamento. continuei conversando na inércia do momento. foi quando acabou a luz. a dona do bar ascendeu uma vela e colocou na mesa onde estavamos. pedimos sopa e tivemos um jantar a luz de velas. a conversa fluiu para assuntos da intimidade. 'E agora, o que vai fazer?'. 'não sei, to com vontade de ir pra praia, tocar gaita. quer ir?' convidei no impulso. 'quero'. ouvi sem demora. deixei de lado a possibilidade de arrependimento e fui. sentados no banco de frente para o mar depois de um jantar a luz de velas. falei da sensação gostosa do lugar. ele falou do romantismo que ele disse não ter. toquei a gaita. 'você parece ter tudo o que quer'. comentou. 'mas sabe... eu não busquei isso.' retruquei insegura nos pensamentos 'não?'. 'não... ...o que eu sempre busquei... eu nunca tive...' 'e o que você sempre buscou?' eu ainda estava atônita com a resposta que me veio. 'um rato!' desviei o assunto apontando para o rato que corria até lata de lixo. vai e vem e a curiosidade persistia. 'e o que você busca?'. 'um rato!' passou novamente o rato correndo em direção à praia me livrando de dar alguma resposta. voltamos. dei-lhe um abraço antes de entrar em casa. assim que pude, dormi.
"(...) a constatação de que você nunca amou... Bem, é terrível pensar que você nunca amou - é muito duro! Nós podemos até acreditar que outras pessoas não amaram - é nisso que acreditamos: 'Ninguém me ama, mas tudo bem, as pessoas são difíceis mesmo', mas constatar que você nunca amou é algo que abala o seu ego." (Osho)

acredita no bate cabelo

ha 29 anos atras eu vivia dentro de alguem. como sera a vida dentro do utero? alimentando-me pelo umbigo, percebendo o mundo la fora pela plasticidade dos musculos de outrem. sabe quando voce coloca a mao na contra a luz e ve atraves da pele, uma luz vermelha e opaca? deve ser parecido. mas os olhos estao fechados, entao isso nao faz sentido. entao sao sons, vibracoes, movimentos; a pessoa balancando la dentro. a gosma, deve ser gostoso. ficaram sabendo de um bebe que sobreviveu quatro dias debaixo da lama depois do tsunami? ouvi dizer, que, somehow, o bebe retrocedeu a uma respiracao e contato com o externo similar ao de quando esta no utero e nao respirou pelo nariz, misturou-se com o barro, como eva. somos o barro, viemos do barro, somos quimicos, minerais, que coisa louca, sera verdade? disseram que houve um caso parecido no brasil, de um bebe que foi encontrado num lago. nao sei. boatos, mas a gente ouve e pensa neh, porque nao? mas falando em afetacao, ontem assisti um documentario sobre uma comunidade na suecia, que pessoas do mundo inteiro vao, para viver experiencias de contato - com o outro - com a natureza - cosigo mesmos - lembrei dos tempos das aulas de interpretacao, lembrei da minha falta de concetracao quando tinhamos aquelas aulas de "sinta o chao" "sinta o contato", essas paradas. eu sempre tive uma voz que se divertia e eu nunca entrava na pira e olha que eu me esforcava, mas tinha uma graca tao grande naquilo e minha cabeca movimentava-se com pensamentos do tipo "alguem ta realmente sentindo isso?" ai eu olhava para o lado e via a galera interagindo, se entregando para a causa e eu pensando"concentra" e tentava concentar. ai tinha alguem ja rolando no chao, outros gritando e correndo e eu pensava "sinta, sinta o contato", mas ai eu abria os olhos e, tava la, um grupo de pessoas se misturando, externalizando, falando palavras com tanto sentimento e eu pensava que tinha algo de errado porque eu nao sentia muita coisa, sentia mais curiosidade em olhar aquela cena toda, mas ai eu lembrava que queria muito mesmo ser atriz e que para ser atriz, eu tinha que "me entregar!!!", sim, eu queria, "entregue-se, entregue-se ao contato" e dai, nessa altura, ja havia uma movimentacao intensa around e o melhor era fingir "finja o contato!" e dai eu "me entregava" e me jogava e rolava e dava os gritos e coisa e tals, no fundo, esperando a tal da enrtega chegar o tal sentimento aparecer mas acho que sou meio fria mesmo ou sofro de excesso de ironia. curiosidade que ainda impera eh "alguem realmente se entrega?", provavelmente, ou fingem melhor que eu. tem uma amiga minha que sempre pergunta: "mas e ai, desistiu do teatro?", coitado do teatro, desistir dele assim neh...o problema era falta de conviccao mesmo, essa tal falta de conviccao que me atrapalha de ser uma jovem mulher bem sucedida. foda, lembro daquela vez que entrei em cartaz com uma peca que eu nao tinha muita conviccao, nem na peca, nem na minha personagem. que canastrice. voce nao acredita na personagem? "sinta a personagem, suas motivacoes, seus medos, sinta!". mas era foda que, no final, eu sentia uma vergoinha de agradecer, sabem, aquela coisa de ir para a frente do palco e abaixar e dai as pessoas aplaudem? eu ficava com um sorrisinho de canto pensando "foi mal gente, eu sei que que a peca eh mala, obrigada pelo seu tempo e mal mesmo ai..." ai um dia minha colega de cena me deu um toque e disse que as pessoas percebiam que eu fazia essa cara, ai foi foda, ok, agora eu faco cara de convicta e tentava nao esquecer a cara de "acredita, acredita na atriz que vive em voce". eh por isso que eu acho que nunca passava nos testes tambem. sabem audicao? pedem pra voce levrar uma cena para aprensetar e tals, ai eu ensaiava e ia meio preparadinha com a ceninha na cabeca, mas ai chegava na audicao e via aquele monte de atores, com roupas coloridas, personas excentricas, rolando no chao, aquecendo a voz, aquecendo o corpo, trabalhando na network, batendo o curriculo e pensava "ninguem fala comigo, por favor, nao falem comigo", o proximo pensamento era, "e se eu passar caralho, vou ter que fazer a parada mesmo, vir aqui todo dia, com essas pessoas e tals...sera?", ai pensamento vai, pensamento vem e eu ja estava desconcentrada para a audicao. ai era o frio na barriga de entrar na sala e aprensentar a tal cena para o tal diretor, que era, normalmente, um cara com cara de mau, que falava comigo num tom arrogante e eu ja ia desacreditando novamente "ok, eu sei que voce eh fodao, mas nao me olha com essa cara seu cuzao..." "acho que nao gosto de voce, diretor" "sera que quero mesmo ser atriz?" "acho que nao quero trabalhar com esse cara" "acho que nao quero trabalhar com esses atores" e, pensamento vai, pensamento vem, na hora de fazer a cena, eu ja tinha ficado com muita preguica "quero ir logo pra casa..." "nao, eu quero ser atriz!" "concentra, acredita!" ai quando entrava no centro do espaco cenico (assim que chama), tinha que lembrar da cena preparada, mas ai, eu ja tinha pensado tanta coisa que a cena sempre saia um lixo, o diretor me olhava com enorme desprezo e eu saia da salinha, olhava os atores, ouvia conversinhas, saia do predio e sentia um misto de alivio e reprovacao, eu, afinal, queria ser atriz e queria acreditar. falta de fe. que frieza. enfim. onze e vinte e sete aqui. vou sair agora, pegar um metro e um trem e ir para o norte da cidade. hoje posso colocar chinelos.



Friday 8 April 2011

guylian promete

ligou o radinho e tava tocando aquela musica "um sonhador", com o leonardo cantando, so o leonardo. tomando cafe, pensou em geraldo, por onde ele andaria a essa altura da vida? tantos anos...depois, levantou-se e foi para o ponto de onibus, onde encontrou a vizinha. comeu arroz com frango e tomou suco de abacaxi. tirou dois reais do caixa do banco do brasil. comprou sabonete e uma nova cor de esmalte. depois que ler este texto, voce vai fazer o que? cinco e sessente e seis, um numero que me veio. gigantes abelhas correm no quintal de jandira. donas wolfangas, gentis mulheres varredoras de suas portas. hoje eh sexta-feira. e dai?

Wednesday 6 April 2011

fabula

era uma vez um passarinho e uma arvore

o passarinho apaixonou-se pela estabilidade da arvore
e a arvore apaixonou-se pela liberdade do passarinho

o tragico eh, que a arvore nao voa e o passarinho nao cria raizes.

e o comico?

o comico eh, que o passarinho, que nao cria raizes, e, a arvore, que nao voa, se apaixonaram.

eh a moral?

que tem?

eh uma fabula, nao eh?

ah sim.

entao.

nao sei.

qualquer coisa.

entao danca

canta

canta com caetano


ausencia

fica comigo?
hj nao da
e amanha?
tambe nao da.
e depois?
tambem nao.
e no fim de semana?
tambem nao da.
e semana que vem?
nao.
entao quando da?
nunca da.
e o que eu faco entao?
foge
fique so
arrume outros.

Tuesday 5 April 2011

meu tio orlando

tio orlando era irmao da vo mariana. vo mariana tinha cinco irmaos: benedita, genesio, ranufo, aderbal e orlando, orlando era o cacula. tio orlando morava na esquina da minha casa. a casa do tio orlando era bege e tinha aquelas rachaduras de tinta velha descascando. a portinha da casa era de madeira, cor de madeira, e um chero forte de madeira empoeirada. a portinha nao tinha macaneta, tinha dois buraquinhos que passava uma corrente de um lado para o outro e trancava por dentro com cadeado. tio orlando morava nos fundos e tinha seu proprio negocio no quartinho da frente. tio orlando era barbeiro e cabeleireiro, mas naquela epoca nao chamava cabeleireiro, chamava barbeiro, mas ele cortava cabelos tambem. seu salao era pequeno, tinha uma daquelas cadeiras de cabeleireiro antigas, vermelha, uma piazinha branca e um estojo com tesouras, giletes e aqueles pinceis curtos de passar creme de barbear. homens mais velhos frequentavam o salao do tio orlando.  tio orlando estava sempre papeando com alguem. tio orlando era muito simpatico. tio orlando passava o dia sentado na porta de seu salao, numa cadeirinha de madeira velha.  quando eu passava na frente do salao do tio orlando, ele soltava um gritinho: "OIAAA!!!". eu nao entendia se era "Oi Aaa" ou se era "OIIIAAA", tipo "OLHAAA" com sotaque caipira, mas nao importa, eu gostava do tio orlando e retornava o "oiaaa" com um "oiaaaa" e achava legal. eu era bem pequena na epoca do tio orlando. tio orlando me dava trocados para comprar balas. quando conheci o tio orlando, ele ja era velhinho, meio gordinho e ja tinha cabelos brancos. ele usava o cabelo penteado para tras e me vem a memoria um cheiro de cabelo molhado e colonia de banho quando me lembro dele. tio orlando jogava futebol no clube taubateano quando jovem, mas isso eu nao vi, so vi fotos em preto e branco e recortes de jornal da epoca. tio orlando nunca casou, mas namorou uma moca chamada laudelina por toda sua vida. laudelina e tio orlando nunca moraram juntos. laudelina levava uma marmitinha para tio orlando todos os dias na hora do almoco. tio orlando nao teve filhos. tio orlando colecionava coisas, muitas coisas. eu adorava entrar na casa do tio orlando e ver todas aquelas coisas. tio orlando colecionava jornais, livros, revistas, moedas, caixinhas de fosforo, potinhos, teias de aranha, xicaras de cafe sujas, poeira, formigas e muitos, muitos, muitos cacarecos. seu quital, era o tipo de quintal que qualquer crianca se deliciaria: restos de lataria, restos de madeira, pedacos de moveis, pedacos de brinquedos, pecas de carro, restos de coisas, restos de muitas, muitas coisas, eu passaria dias explorando aquele quintal. tio orlando morreu um dia, nao lembro como foi, mas minha mae foi quem limpou a casa e eu so lembro que ela encontrou num lugar escondidinho, um pote cheio de dinheiro antigo. tio orlando nao trocou as notas quando entrou o plano real. a casa de tio orlando ficou para laudelina. as colecoes de tio orlando foram doadas para o arquivo historico municipal. eu senti saudades do tio orlando.

um textinho curtinho

a mulherzinha certinha:

loirinha
terninho
camisa branquinha
saltinho
brinquinho miudinho
 bolsinha pretinha
batonzinho
unhinha pintadinha
perfuminho
narizinho empinadinho
camisolinha de sedinha
casinha branquinha
sala braquinha
quarto branquinho
cozinha branquinha
 roupinhas no cabide separadinhas por cor
secador de cabelo, alisador de cabelo
 lencois finos de cor bege com detalhezinhos no acabamento
fala certinho, com termos bonitinhos, palavras elegantezinhas
sorrisinho simpatiquinho, jeitinho agradavelzinho
listinha de afazeres
continhas em pastinhas
panelas polidinhas
geladeira organizadinha
comidinha em potinhos bonitinhos
mesa arrumadinha
sofa com almofadas combinandinho
tudo alinhadinho
tudo direitinho
tudo contadinho
tudo tao certinho.

fim




Monday 4 April 2011

pra descarregar essas palavras mortas: um texto no escuro

sao oito e meia da manha e eu acordei esponteneamente as sete, tem acontecido recentemente. minhas costas doem fora da normalidade. recebo uma mensagem as 7:45AM com ordens irritantes tipo "nao esquece de falar para a menina pegar o violino, voce esqueceu semana passada e isso eh muito importante!" importante? a proxima coisa eh a decisao de nao trabalhar hoje. a confusao mental esta na velocidade 5 do creu. faco planos aqui e la e na verdade nao sei pra onde eu vou. pode ser inferno astral. pode ser e pode nao ser. minha mae falou para eu ir numa palestra sobre espiritismo hoje e eu to quase indo pra ver se o encosto vai embora. hoje eh dia 04 de abril, aniversario do meu avo. em 9 dias eu farei 29 anos e nao sinto diferenca dos anteriores. ontem assisti um filme sobre a vidinha de estudantes colegiais numa escola de classe media alta em SP. sou nova, sou velha, sou adulta, que coisa estranha de pensar. ha uma expectativa de que uma hora voce vai saber o que dizer ou se comportar parece que nao chega essa hora e eu ainda fumo unzinho todo dia e ainda evito responsabilidades. tambem achei que morreria antes dos 29, acho que era preguica de pensar. eu terei que trabalhar pra sempre? isso aterroriza. mas tavez seja eu colocando um peso no trabalho. talvez nao mesmo. sao ideias confusas. foda eh acreditar. sabe? vender o peixe, dizer que eu sou isso ou aquilo e convencer as pessoas, isso da mta preguica e eh foda ser firme. eh foda dizer "eu sei a verdade". e, se vc nao sabe, e eu nao sei mesmo, as pessoas te acham comedia, ou nao, talvez elas nao pensem nada, eh so preguica mesmo. mas tudo eh mto simples. ou nao. foda pensar que a vida podia ser mais de boa. foda pensar na falta de sentido disso tudo e na reponsabilidade. sao palavras da nossa sociedade: responsabilidade, comprometimento, seriedade, imutabilidade. capitalismo te odeio (um descarrego de magoas). mas nao sei neh, como seria se nao fosse o capitalismo? como seria se nao fossem as exploracoes? como seria? seria melhor? melhor, pior, essa coisa de qualificar, tambem nao sei se tem a ver. as palavras nao tem a ver, as palavras confundem. definicoes. muitas definicoes, conceitos, teorias, tudo humano. resultado de anos de noia, assim como essa desse texto, busca de um sentido. somos animaizinhos, nao se esqueca. eu nao sei. nao sei de nada. mas ai voce quer descansar e tem de inventar desculpas. a maioria das profissoes sao desnecessarias. poderia ser mais leve. eh mais leve. o lance eh hoje, na crise tudo parece o fim do mundo. mas aqui fica o registro e a morte. liberar mata ou transforma. sim, estou na crise dos 29. achei que nao a teria mas pra variar a vida surpreende. entao vou escrever ate esgotar minha auto-piedade e gerar uma positividade. mas agora vou ate o fim. ou nao. ainda estou viva? ainda farei alguma coisa interessante? descobrirei algum talento meu, que vai salvar minha vida? encontrarei um circo para fugir com? tinha o beto, aquele amigo meu que figiu com o circo, ele tinha 32 na epoca, ainda da tempo. terei filhos? sera? sera que estou virando um velha patetica? sera que serei uma velha patetica? nao me sinto velha, me sinto nova. mas ai vem alguem e fala "vc ja passou da fase" como eles sabem disso? alguem realmente sabe quando passou da fase? que fase? eu nao sei nem ao certo do que voces estao falando. o que as novas geracoes pensam/ pensarao? sei la. eu ia dizer que talvez eu esteja errada dentro desse mundo injusto, mas sou arrogante e na verdade acho que to certa. na verdade oq eu acho nao importa. na verdade nao ha verdade, pelo menos eu acho e como o que eu acho nao importa, voltamos ao zero, que eh onde tudo comeca e termina, ou nao. felizes sao os indios. outra coisa cliche, pensar em morar com indios, nao que eu nao cogite, mas eh que assim, falando nesse contexto parece bem cliche. se bem que morar com os indios esta de igual pra igual com fugir com o circo e, pra ser sincera, parece mais provavel do que um trampo num escritorio. casar com um homem rico nao eh perfil e homens perdidos e errantes sao mais meu tipo. voce ai no nordeste perdida e eu aqui nessa ilha perdida no elo perdido. nao quero sair da toca. a prostituicao eh uma profissao bem digna, independente e genuina. eh de se pensar. na outra vida devo ter sido puta, dessas que ficavam numas tavernas servindo os homens e bebendo uma cachaca, devia ser o mais divertido pra epoca e como isso eh so imaginacao, eu mantenho o certo romantismo sem entrar nos porens complicados do pensamento. na proxima vida, vou eu imaginar quem eu fui nessa vida? como fica essa historia de vida passada e coisas do tipo com a internet e o tanto de arquivos que ja existe? futuro e passado se cruzam e eu confesso que fiquei bem afim do arnaldo dos mutantes de quando ele tinha 30 anos. de certa forma ele existe, sao cancoes e imagens e beleza. ele teve aqui em londres. tambem ja tive essa quedinha pelo paul de 30 anos atras. e eu ja morei na esquina da casa que o gandhi morou, outro cara foda do passado. sera que teriamos nos cruzado em cafes e mercados? seriamos amigos? se pa nao. se pa sim. ja pisamos no mesmo chao e ja vimos as mesmas vistas, fizemos os mesmos caminhos para voltar pra casa e apreciamos o passar das estacoes do mesmo ponto, caminhando nos mesmos parques e observando as mesmas arvores. dividimos alguma coisa, sem duvida. o paul mora no meu bairro, mas quando o encontrei ele ja tinha 60 e tantos anos. quem eh voce? quem foi voce? eu ainda te amaria agora? voce me amaria algum dia? nao existe linearidade. o tempo vai e vem e tudo eh possivel. o conhecimento nao eh mais privilegio dos mais velhos e eh por isso que essa coisa de comeco e fim fica cada vez mais non sense. tamo tudo no mesmo barco. sim? nao? talvez? nessa altura do texto eu ja nao sei mais do que to falando. ja sao 9:30 e eu to morrendo de fome. voces tomam cafe da manha todas as manhas? alimentam-se bem? um cafe preto puro e forte que faz a alegria. sucos verduras e legumes, coisas assim. ai dio. vamos la. sei que esse texto ficou meio meu querido diario mas dias melhores virao. ja foi um alivio. obrigada por voce que dividiu esse momento, ele ja foi. agora fica um beijo a todos e saudacoes do norte!

Sunday 3 April 2011

turbulento

a calmaria da espera para partir recebeu visita inesperada da assombração. regogito o passado e cá estou. assombrada pela expectaviva que criei e divulguei. tensionada pelo medo não identificado. 'seja a ansiedade', ouço em tom estrangulado, angustiado. a frase pedia algo redundante e eu só consegui continuar sentindo. Entro no carro. é o início do percurso da viagem. a música na rádio me carrega para um saudosismo. 'seja o apego', ouço e provo a redundância. procuro mecanismos físicos para conter essa coisa. aperto o peito com força, fecho a garganta estreitando o máximo que posso. contenho o sumo que sai pelo canto dos olhos. 'seja a dor'. ouço a sirene dos primeiros socorros, a mente desce com seus aparatos. 'seja a lógica'. ouço uma piada e o riso faz algumas reparações. 'esteja aqui!'. estou agora olhando impotente pela janela do avião, reafirmando minha pequenez. 15:00h, aterrizo. as horas da tarde passam rapidamente no tabuleiro do jogo de dama. volto para o hotel e sozinha no quarto ligo o computador. 'sorria para o drama'. bato os dedos no teclado. o peito afrouxa. é o suficiente pra dormir.

nao vou mais bancar a tola

Nao sei minha gente mas acho que estou sendo passada para tras. semana passada vi a juliana e a marina saindo da casa da sabrina. eu acho que elas foram na festa do marcelo e nao me convidaram. nao eh por nada mas eu sempre chamo elas para sairem e elas so abusam de mim por causa do meu fiat. estou cheia! entao quer dizer que pra isso eu sirvo, mas para suas festinhas nao? e elas sabiam que eu estava super afim do marcelo. tudo bem sabe mas eu achei a maior sacanagem. tambem agora que voltem a pe que eu nao to nem ai. eu nao quero que voces pensem que sou egoista, mas acho que elas nao estao sendo amigas verdadeiras.

vai

vai voa voa voa voa pra longe aviao nos leva pra qualquer canto voce vai pro canto do canto cantar, voa e viva, viva voado. levitando espalhando seu ser misturando-se com as vozes dos ventos velozes e dos lentos tambem. lalalaalallalaalal good luck i love you babe.