Thursday 30 May 2013

assim foi

sentada na varanda. a taça de vinho conversa com sandra. saiu tudo como o inesperado. rabisco este caderno. você sabe patinar no gelo? chinelos, só no verão. ou não. raspadinha de groselha. sonetos de amor amigo. eu não te disse? eram as lembranças dos jovens juvenis. eu não imaginava isto. eram espantalhos. foi embora tão cedo. que coisa essa de seguir até cansar. buscava um canto. azul azulejo no banheiro de zuleide. zummm e veio um longo pernilongo. se foi assim sem avisar. qual seu telefone? vermelho. discagem correta. discoteca. beijaram-se na pista. passearam na passarela. olharam a lua. passou tão rápido. se foi assim sem avisar. e se ele tivesse dito? ela pelo menos saberia o que sentir agora. engulo o vinho. seco. foi se a noite. assim. amanheceu. secou o orvalho. vestiu sapatos. e seguiu a vida. só.

para falar das flores

isso é antigo. outra história que passou. foi o acaso. ou o nome dele era igual ao seu? eram duas músicas. eram dois de você. um que morava aqui. o outro que mudou-se para londrina em mil novecentos e noventa e nove. ele faz planilhas. quer um filho. quer ensinar os meninos a jogar futebol. ele nunca conheceu você. e você me conheceu para quê? fizemos planos, lembra-se? porque você voltou pra cá? eu não gostava daquele feijão. e era isso? pra mim foi o que ficou. e o parque. as árvores. o chão coberto de flores coloridas? eu nunca vi nada. eu nunca te ouvi meu amor. e porque você não ficou? eu não quis. e você dizia que gostava tanto dela. não era tanto assim. eu só estava carente.

Wednesday 22 May 2013

o sabor do tempero irreal

era um susto este da realidade. sem se saber ao certo o que é, senão aquilo que algum acredita que é aquilo mesmo. um susto, mesmo assim. compartilhado, íntimo, desencaixado. moléculas agitadas fazem coisas inusitadas. e os olhos acham que acreditam. a visão não está no olho. ela é uma projeção de uma captação de luz que só é formatada como imagem ao contrário dentro do cérebro. e numa partezinha dele. e isso depende do referencial de cada um também. e aí é programação visual. ou de conteúdo. depende de onde você nasceu. e o que conhece. ou não. são vibrações de cores. e estamos de ponta-cabeça se quisermos entender assim. ou não. um susto. o sabor que o suspiro parece possuir. mas aí vai da língua de cada um. e tem a voz, que são intensidades de ar tocando as cordas que ficam ali perto da sua amígdala. mas nada é real, do ponto-de-vista subjetivo. e objetivo também. a física mecânica já tá meio fora de moda.

Tuesday 21 May 2013

mais coisas

algum bebê acabou de sair por debaixo de sua mãe neste exato segundo que escrevo esta frase. e alguem experimentou uma comida estranhamente nova em algum lugar deste estranho mundo nosso. e uma nova saia nova não passou pela extensão da coxa da nova moça. novamente tem também alguém tocando ukulele numa madrugada friamente leve lá nas oceanicas ilhas samoa. um homem ouve um grilo cantar no topo da árvore dum verde campo. nunca saiu daquele único bairro no meio do sul de minas o rapaz. e tem uma moça que ainda está aprendendo a fechar a panela de pressão para fazer o feijão. chegar ao ponto do tempero certo não é fácil. há de se ter um minimo de sensibilidade desenvolvida. ou querer chegar até um ponto sútil de experiência gustativa. dentro da boca acho que existem três centro diferentes de liberação de enzimas salivares. e tem coisas que acontecem no seu fígado independente de você pensar sobre isso. marte está em contato com jupiter. existem deuses? o que eu tenho eu em comum com uma baterraba enterrada no quintal de dona lourdes? tinha uma tia que chamava-se terezinha, assim no diminutivo. e agora um passarinho bota seu primeiro ovo com alguma surpresa subjetiva. tem umas pessoas que vivem de criar jogos de video-game. e tem uns caras que acharam viavel inventar o computador. smart phone, essas coisas. minha limitação é tão limitada. e afinal de contas rodolfo, o que acontece no final não é que é, ou não é que não é?

ar vores

sou uma pessoa completamente incompleta. se não ver eu, no outro, também uma parte que ficou ausente em mim. faltará sempre algum complemento de tudo isso todo. e se não fossem as plantas digerirem este ar, eu nem respirar poderia.

Saturday 18 May 2013

me mim comigo

acordei com saudade de mim. de algum pedaço que ficou perdido entre o meio da calçada com furos. e os buracos de fechadura. parede azul. patos cor-de-rosa. salivo o gosto da sua comida. da minha desusada habilidade de passear de mãos dadas. se eu estivesse comigo, hoje me faria um café bem forte. água com gás para saciar. seguro a chave. não lembro onde deixei a porta.

Thursday 16 May 2013

nove novas

o homem que carrega o lixo ja acordou. dona vizinha levanta-se cedo para tomar café na padaria ao lado. ri gentilmente para o moço de touca branca. chama-se emilio e tem um filho que é meio japonês. suco de frutas naturais. ingestão imediada. disgestao lenta. passos largos. trabalha no escritorio do doutor rubens agendando agendas. quem traz o café é a moça de minas. gostava de dar pães aos patos. de brinquedos o favorito era o gira-gira. gira gira gira gira. relembra. senta meio sonsa no sofá. e quem fala na tevê é uma mulher loira que conversa com um papagaio de brinquedo. são nove. todas as novidades do futuro estão acontecendo agora. bom dia.

Wednesday 15 May 2013

carambolas

tomava vitamina b para permanecer saudável. viva sua consciência permanecia alaranjada. limonada pela manhã. vitamina c. cê gosta de feijão? feijoa, uma fruta que chama tomate de árvore por aqui e tem gosto de maracujá. jajá a joana chega. vamos jogar atari. depois veio o super mário que é a melhor metáfora da vida que o davi conseguiu contar. cata-ventos. cantinhos debaixo da videoteca do candinho. uma vez cai de cima do sofá do tio. cicatriz do lado do olho. olhamos um para o outro. e soltamos os balões para o menino que morava no outro planeta. era uma estrela. ou era um sol. era eu. era você. e nossos planos de transcender o espaço daquela normalidade habitual