Sunday 15 December 2013

another writer

literally another writer, trying to be another person, a better person. I desperately want to grow up!
All this videos about education, I just can't well educate my own child if I'm also a child in my behavior.
I have primitive feelings as any other person but I have enormous difficulty to manage them and don't allow them to control myself. I want to be what I choose to be. I need my 'voice' to calm down my emotions. "You (emotion) is not on command here, you are free to exist, but not to speak in my place"
Change is hard.
You should really want it to make it happen.
Normally bad consequences help us to care enough about it.



Thursday 24 October 2013

hereditárias


o bebê real. de pensar assim. que existe. um bebê real. o batismo. do bebê real. na moral. na absurda realidade do conto da realidade propagada por alguma companhia de seguros que você paga todo mês para te garantir garantias. me pergunto. onde é que vão parar os restos de todas as quinquilharias domésticas que a humanidade terá acumulado numa época em que os netos da nossa geração estiverem velhinhos? olha geraldo, eu, sinceramente, não sei. hoje é dia vinte e quatro de outubro. se a rainha elisabeth fosse eu, ela estaria em taubaté agora.

24.10.13
1:54am

Tuesday 22 October 2013

cindy


preta. branca. marrom. olha pra mim. deitada na cama. quase se apagando-se ela. se mistura-se com o edredom roxo. eu, que vou deixar este móvel a qualquer momento. estatura pequena. eu poderia morar dentro de um guarda-roupas. dentro de uma caixinha de sapatos. eu poderia me esconder em sacos. pular em muros. eu poderia ter nascido você. me lançar pra cima. andar descalça. sem calça. sem vestido. eu poderia caçar bixo. lagartixa. beber a água da poça. arranhar a perna do moço. fazer rimas mais simples para uma vida cheia de pêlos coloridos. pêlos meios das grades do povo. quais eram os seus limites? patas tetos das casas alheias. olhando tudo por seus próprios ângulos. sentindo a vida nesta estrutura. de trinta centímetros. de gato.

22.10.13
5:17pm

Monday 21 October 2013

lunes


eu não sei se é essa lua cheia. ou a barriga que ta mexendo acelerada. a ânsia da ansiedade de um breve apelo de novas estruturas externas. pedi a deus uma carta-convite. caixa do correio vazia. e um milhão de coisas na cabeça. a mente atormentada. comprei livros de meditação mas aqui do lado tem um prédio em construção. ouvido não fecha quem nem boca. se eu fechar a boca, não entra mosca. mas a cabeça não para. os dedos, o teclado, a tela. a paca, o tatu, a pausa. respiração em quatro tempos para começar a semana. sonhos mais realistas para viver as possibilidades ao redor da pele. terra a vista. ou parcelada?

21.10.13
12:12pm

Thursday 17 October 2013

river side under or above


ela cresceu acreditando que ele seria forte e, ela, frágil. ele cresceu acreditando que ela seria frágil e, ele, forte. ela cresceu e, percebeu-se, também, força. ele, fragilidade. sofreram as incertezas da busca de uma verdade unilateral assumida como pré-requisito comportamental. sofreram. olhando no olho do outro, a simplificada existência de seres sofrendo a ação do atravessando tempo nas solas dos pés seus. buscaram justificativas. queriam encontrar explicações. talvez, estejamos, em busca da união dos pontos espalhados dentro de nós mesmos. sou uma bolinha. no espiral da vida, posso-me crescer como a semente que se brota-se até ser integralmente árvore. a história da borboleta. somos parte da natureza. existe um fluxo. uma complexidade possivelmente simples que , talvez, só conseguiremos compreender, quando aprendermos, a ser.

17.10.13
2:37pm

Sunday 13 October 2013

poesia



pipoca branca que estouras entre saturados óleos quentes. queima-me a alma. arranha-me a gengiva. salga-língua. e surpreende os magos dos bosques azuis, num mundo de sofisticados gnomos verdes.

13.10.13
meia noite e dezenove
em outra parte do planeta

Friday 11 October 2013

letting

o que suzana disse em seu leito de morte: 
minha filha, a paixão não muda o estado natural do objeto de paixão do apaixonado. as coisas são o que são.
fim.

11.10.13
2:27

Tuesday 8 October 2013

meio


mudanças são tremendamente assustadoras. acreditar pode gerar espaço para que a realidade exponha-se dando-lhe uma amostra gratis num palito de sorvete premiado. saudosismo sabor de nada. nostalgia não dá futuro. sinto falta do seu lenço, florencio. frio. mesmo sem fogo, a sensação de que a lareira existe já era esperança. o eterno inverno nos deixaria desesperados nessa luz de janeiro-noite. duas primaveras. outonos passaram. três e quatro. eu preciso superar esta falta de sonhos.

9.10.13
3.4am

Saturday 5 October 2013

tic tac


penso. vejo. minha vida. as pessoas que conheço. que conheci. as escolhas que fazemos. as que nao fazemos também são escolhas. causas. consequecias. vejo minha vida. e me pergunto se fiz o melhor por mim. nao adianta quantificar. nem qualificar. fiz o que fiz. e mudei. cobrar dividas ao espectro não soluciona o momento. agora. não me ajuda muito. não altero o passado. tenho a possibilidade de mudar meu olhar sobre ele. é só. me pergunto se. se. se. mas aí não adianta. atrasa. não adianta nada adiantar o que ainda não chegou. ansiedade é um mal contemporâneo. vejo você. suas escolhas. você fez essas escolhas. ou deixou plutão governar seu destino? em impulsos e preguiças. entre medos e angustias. que te impediram fazer outras. eu me vejo. ja passou algum tempo. vai passar mais. a morte ainda me choca. ela me toca. ela está presente no presente. a cada instante. me expondo a fatalidade do fim de cada historia. desta. a vida vai acabar. a oportunidade vai passar. eu estou morrendo. você também. eu estou viva. talvez eu deixe esta vida passar sem mexer em nada. por apego. e teimosia.


5.10.13
8:47am

Monday 16 September 2013

ultimos


o caso é que meu dono esqueceu-se dos meus instintos essenciais. eu era uma peixe. sim, peixa. nao uma gueixa. e ele me queria preencher com racao. eu nao gostei. me enterrei bem no meio, entre aquelas pedrinhas artificialmente coloridas e o vidro que dava pra sala. mantive-me de olho aberto, pra fora. demonstrando, propositadamente, o desencanto daquela vida televisionada.


16.9.13
7.39pm

Sunday 8 September 2013

o maior medo

uma hora isso ia acontecer. e eu achava que nunca estaria pronta. te olhar assim, distante. me apresentei educadamente. senti o estomago expremer num choro. tive vontade de cantar um grito. para que ate alem das estrelas sentissem a minha infinita dor de medo. temi tanto mais que a morte. que um coro de vozes histericas soaram dentro de mim. me esforcei para manter a docura. mas quase cai pra debaixo daquele tapete estampado. nao consegui mexer o rosto. nem forcar um sorriso de simpatia humana. fui engolida por mim. atravessada por cem milhoes de anos que passaram pela tela de cinema em um segundo. todas as coisas que nao-foram. a perda do preterito perfeito. o futuro sem isso assusta tanto que nao sei nem me representar nessa acao de abandono. mas eu que gostava tanto daquele vestido florido, me olhando assim, pareco meio sem graca. sem raca. num suspiro amanheceu. eu, sem respirar. tocou a musica do adeus. e eu perdi tudo. agora sao sete horas. estou aqui olhando para porto nenhum. sentada no meio do barco. nua. entre o atlantico e o pacifico. tententado encontrar a paz de espirito. te vejo navegar longe. eu, aqui. ainda ser saber onde. e se. encontrarei terra firme de novo.

Saturday 7 September 2013

texturas

o céu está lilás. eu li, lilí. ta ta ta. é parte da partitura. aulas com fofinho. fragmentos musicais. imagens sensoriais. suor. cílios. céu. sabor de creme de maracujá escorrendo pela língua roxa de celeste. palavras ditas pela metade tem significado dividido por dois? assim. assado. quem sabe, sabe? quem sabe? o sabiá. assovia ou assobia? você acredita em assombracao? sem sombra de duvidas, camaleoes existem em sao luis. invariavelmente. caso contario, nao haveriam as grandes migracoes de minhocas decorativas ao espaco sideral nesta época do ano.

unpê

o que uma pipoca tem em comum com uma pomba? pês. pés. partes. protons. o mesmo planeta. horas bolas oras bolas. circunferencias. a pipoca vem do milho que vem da espiga da planta plantada do milho. a pomba vem do ovo que vem de dentro da pomba fecundada que bota o ovo. de onde vem o universo? o ninho. os netos. as quireras que se come na praca. o cedilha que te escapa no espaco. ex-pele. poe. aquece. transforma. estoura. e se espalha. criando algo novo no mundo. num mundo. num mundo. num mundo.

Thursday 5 September 2013

co-roendo

e falando em bandas, teve esse cara que eu sai uma vez. ele me chamou para passear no shopping de sao jose dos campos. depois me explicou que a saudade que sentia de sua ex namorada era como a ferida de uma carie viva no meio de seu coracao. eu tinha dezesseis anos. ele vinte e tres. nao me importei com sua saudade. eu compreendi sua dor. mas a imagem daquela carie em carne viva foi forte demais para mim.

só se anda

saiu uma voz estranha de mim. procurei entao uma voz conhecida. e o que era conhecido. habitual. confortavel. hein? com tantos sotaques difusos, tive de aceitar a solidao de ser só. só, se pode mudar de lado. ou de roupa. mudar de gosto. e de rosto. dormir de bermuda jeans. ou sem roupa toda nua. e só, na solidao, estava sendo aquilo que sou. ou nao eu. nao eu. é a mesma coisa afinal. nao existe igual.

musica de fundo

ouviamos teeneage fanclub deitados num sofa estampado. uma fita cassete que voce me deu de aniversario. uma capa de cd com pinturas de giz de cera. voce escreveu uma frase bonita na frente. mas o tempo apagou a tinta da caneta bic. voce casou e teve tres filhos com nomes comecados com a letra g. e eu comecei a colecionar guitarras importadas sei la de onde.

Friday 30 August 2013

vinte e nove dividido por tres

1.

eu nao era eu. eu era um nome. uma carteira. uma nota de dinheiro. um diploma de parede. eu nao era eu. eu era um número. um cabelo. um camelo. eu não era eu. eu era um formato. um requisito. um desenho. um desejo alienado. eu era um pacote de bolacha de plástico. um pote de margarina industrializada sem gosto. nem gostar daquilo eu gostava. mas você me convenceu que era certo. e eu pra não contrariar não contrariei.

2.

deixe a tristeza ser. sem diagnostico. nem nome de remédio. sem medo. nem argumento. simples. e verdadeiramente. só deixe a tristeza ser.

3.

propaganda de maquiagem. protagonistas de novela. personagens que falam com susurros. jingle. promessas. dicas para ficar mais bem vestida. talheres. como limpar melhor a pia do banheiro. organização das meias no guarda-roupas. para onde foi o menino que fugiu de casa. para onde vai o espirito da lagartixa? tem hora que a gente perde o rabo. tem hora que a gente perde o rumo. tem hora que a gente perde a gente. hoje acordei sem vontade de escovar os dentes.

Thursday 22 August 2013

esmalte

quando uma pessoa pinta a unha da outra, ela fica um tempo mexendo na mão alheia. e normalmente passa uns palitinhos cheios de acetona entre os cantinhos entre a unha e a pele do dedo. quando olho para você vejo que o tempo passou. tem horas que esqueço onde estou. algumas pessoas tem hipersensibilidade e se incomodam com a luz florescente porque conseguem perceber os flashes entre uma piscada e outra. outras pessoas, conseguem escutar o próprio sangue correndo pelas veias. um menino umas vez me disse que somos energia. algumas pessoas acordam cedo em dia de promoção para comprar eletrodomésticos.

Wednesday 21 August 2013



sopa de fubá com ovo. café com farinha. festa do folclore. mês de agosto, é cachorro lôco. como corre o curupira? hoje a lua ta cheia e muita gente do mundo todo posta foto da lua que está cheia em lugares diferentes do mundo. eu to sentada numa cadeira vermelha. na minha frente, uma xícara com a foto de um menininho estampada nela. hoje em dia dão essas canequinhas em festas de aniversário. tem agora, geladeiras cheias de imãs com rostinhos de crianças. um dia no futuro, os antiquários estarão cheios de aquários de peixe beta. barbies descabeladas. e imãs com rostinhos de crianças. e algum diretor de arte vai alugar isso para fazer alguma intervenção contemporânea. um dia, vão olhar para nossas fotos e vão pensar que a gente era mais legal do que a gente acha que é agora.

Monday 19 August 2013

sun day

um dia partiu-se a coisa. não reparou-se-a. atravessou a porta da saudade. correu por passarelas cinzentas em busca daquela historia sua. já passou da hora. agora, havia-se espalhado como papeizinhos picados em dia de vendaval. olhou-se a sua volta. debaixo de si, dois pés cobertos de sapatos de salto alto. em frente, estradas sem sinalização de placas verdes. buracos. poças de água. por fim, com o fim da esperança, acabou-se o medo. lembrou-se então, do segredo do tempo. e ficou mais aliviada um pouco. domingo tem dessas coisas.

Thursday 8 August 2013



juntaram-se as sobrancelhas no meio da testa de joana. sentou-se sobre o pitoresco sobrado branco pensando pausadamente sobre poéticos encontros com seus eus separados nos se-nãos. pessoas são feitas de carne. carnes são junções musculares. visões são percepções oculares. oráculos são visionários extraordinários. ordinárias são coisas que não ultrapassam o nivel do comum segundo o dicionário. dicionários são livros cheios de definições. definições são determinações que findam possibilidades variadas. variedades são variedades. idade é o tempo contado. caries são bactérias bucais. eu já tive medo de ir ao dentista

Tuesday 30 July 2013

verso para catrina

não era por acaso. cada caso. era um casulo. de laranja. come canja. com farinha. terezinha. joga longe. o quadrado. olha dentro. do baralho. sua vida. numa mesa. algum sentido. ido. ido.

Tuesday 23 July 2013

marli

e tinha essa vizinha, a tia marli, que adorava limpar a casa. a qualquer hora do dia, tia marli limpava. o piso de tia marli, branquinho. o sofá, perfumado. o sofá da tia marli, era verde. ele dava o contorno da sala e no meio tinha um baú com a tampa de vidro que em cima era o bar. eu gostava de abrir a parte de vidro do sofá. e de deitar no chão da casa da tia marli. a cozinha da tia marli era toda brilhante. o banheiro era tão limpo que eu me sentia limpa só de entrar lá. tia marli tinha unhas longas, cor-de-rosa-choque. uma vez tia marli adotou um cachorro nosso. mas ela devolveu porque o cachorro sujava a casa dela. uma dia tia marli mudou de casa. e eu nunca mais vi a tia marli.

Sunday 21 July 2013

if

se eu fosse uma formiga inca, tudo poderia ter sido completamente diferente, sabe jorge. mas aí ele já estava longe, muito longe, de bananal. então já eram quase onze. domingo. e ela sentou-se na cama para pensar. abajour, é uma das poucas palavras que sei em francês. olhou para uma estrela. depois para o pernilongo. meia-luz. o som do sino. pés, sem meias no verão. foi o acaso. você foi inventada por mim verônica. agora vá, voe mosquitinho, antes que eu mude de ideia sobre seu futuro.

in memory

um balanço batendo na janela. reggae night. a lua redonda está toda luz no interior do interior. iguanas. iguarias. macacos de ombro de boy. uma casa é uma casa? de perto, tudo é um monte de montes pequeninos. parece um deserto, a parede do seu alcides. pernilongos me cutucavam. tocou o tambor. saia rodada de moça. leite de lata. love de summer. resumindo-me, sou uma unha. ampliando o ponto, abrem-se outros portais. porta-chapéus. cabideiros de papel. barquinhos. patinhos de borracha. lembrei daquela visão cheia de cor-de-rosa. e a gente sentado no pier do sul do parque azul. as vezes parece que você sumiu. e as vezes bate uma saudade...

Thursday 30 May 2013

assim foi

sentada na varanda. a taça de vinho conversa com sandra. saiu tudo como o inesperado. rabisco este caderno. você sabe patinar no gelo? chinelos, só no verão. ou não. raspadinha de groselha. sonetos de amor amigo. eu não te disse? eram as lembranças dos jovens juvenis. eu não imaginava isto. eram espantalhos. foi embora tão cedo. que coisa essa de seguir até cansar. buscava um canto. azul azulejo no banheiro de zuleide. zummm e veio um longo pernilongo. se foi assim sem avisar. qual seu telefone? vermelho. discagem correta. discoteca. beijaram-se na pista. passearam na passarela. olharam a lua. passou tão rápido. se foi assim sem avisar. e se ele tivesse dito? ela pelo menos saberia o que sentir agora. engulo o vinho. seco. foi se a noite. assim. amanheceu. secou o orvalho. vestiu sapatos. e seguiu a vida. só.

para falar das flores

isso é antigo. outra história que passou. foi o acaso. ou o nome dele era igual ao seu? eram duas músicas. eram dois de você. um que morava aqui. o outro que mudou-se para londrina em mil novecentos e noventa e nove. ele faz planilhas. quer um filho. quer ensinar os meninos a jogar futebol. ele nunca conheceu você. e você me conheceu para quê? fizemos planos, lembra-se? porque você voltou pra cá? eu não gostava daquele feijão. e era isso? pra mim foi o que ficou. e o parque. as árvores. o chão coberto de flores coloridas? eu nunca vi nada. eu nunca te ouvi meu amor. e porque você não ficou? eu não quis. e você dizia que gostava tanto dela. não era tanto assim. eu só estava carente.

Wednesday 22 May 2013

o sabor do tempero irreal

era um susto este da realidade. sem se saber ao certo o que é, senão aquilo que algum acredita que é aquilo mesmo. um susto, mesmo assim. compartilhado, íntimo, desencaixado. moléculas agitadas fazem coisas inusitadas. e os olhos acham que acreditam. a visão não está no olho. ela é uma projeção de uma captação de luz que só é formatada como imagem ao contrário dentro do cérebro. e numa partezinha dele. e isso depende do referencial de cada um também. e aí é programação visual. ou de conteúdo. depende de onde você nasceu. e o que conhece. ou não. são vibrações de cores. e estamos de ponta-cabeça se quisermos entender assim. ou não. um susto. o sabor que o suspiro parece possuir. mas aí vai da língua de cada um. e tem a voz, que são intensidades de ar tocando as cordas que ficam ali perto da sua amígdala. mas nada é real, do ponto-de-vista subjetivo. e objetivo também. a física mecânica já tá meio fora de moda.

Tuesday 21 May 2013

mais coisas

algum bebê acabou de sair por debaixo de sua mãe neste exato segundo que escrevo esta frase. e alguem experimentou uma comida estranhamente nova em algum lugar deste estranho mundo nosso. e uma nova saia nova não passou pela extensão da coxa da nova moça. novamente tem também alguém tocando ukulele numa madrugada friamente leve lá nas oceanicas ilhas samoa. um homem ouve um grilo cantar no topo da árvore dum verde campo. nunca saiu daquele único bairro no meio do sul de minas o rapaz. e tem uma moça que ainda está aprendendo a fechar a panela de pressão para fazer o feijão. chegar ao ponto do tempero certo não é fácil. há de se ter um minimo de sensibilidade desenvolvida. ou querer chegar até um ponto sútil de experiência gustativa. dentro da boca acho que existem três centro diferentes de liberação de enzimas salivares. e tem coisas que acontecem no seu fígado independente de você pensar sobre isso. marte está em contato com jupiter. existem deuses? o que eu tenho eu em comum com uma baterraba enterrada no quintal de dona lourdes? tinha uma tia que chamava-se terezinha, assim no diminutivo. e agora um passarinho bota seu primeiro ovo com alguma surpresa subjetiva. tem umas pessoas que vivem de criar jogos de video-game. e tem uns caras que acharam viavel inventar o computador. smart phone, essas coisas. minha limitação é tão limitada. e afinal de contas rodolfo, o que acontece no final não é que é, ou não é que não é?

ar vores

sou uma pessoa completamente incompleta. se não ver eu, no outro, também uma parte que ficou ausente em mim. faltará sempre algum complemento de tudo isso todo. e se não fossem as plantas digerirem este ar, eu nem respirar poderia.

Saturday 18 May 2013

me mim comigo

acordei com saudade de mim. de algum pedaço que ficou perdido entre o meio da calçada com furos. e os buracos de fechadura. parede azul. patos cor-de-rosa. salivo o gosto da sua comida. da minha desusada habilidade de passear de mãos dadas. se eu estivesse comigo, hoje me faria um café bem forte. água com gás para saciar. seguro a chave. não lembro onde deixei a porta.

Thursday 16 May 2013

nove novas

o homem que carrega o lixo ja acordou. dona vizinha levanta-se cedo para tomar café na padaria ao lado. ri gentilmente para o moço de touca branca. chama-se emilio e tem um filho que é meio japonês. suco de frutas naturais. ingestão imediada. disgestao lenta. passos largos. trabalha no escritorio do doutor rubens agendando agendas. quem traz o café é a moça de minas. gostava de dar pães aos patos. de brinquedos o favorito era o gira-gira. gira gira gira gira. relembra. senta meio sonsa no sofá. e quem fala na tevê é uma mulher loira que conversa com um papagaio de brinquedo. são nove. todas as novidades do futuro estão acontecendo agora. bom dia.

Wednesday 15 May 2013

carambolas

tomava vitamina b para permanecer saudável. viva sua consciência permanecia alaranjada. limonada pela manhã. vitamina c. cê gosta de feijão? feijoa, uma fruta que chama tomate de árvore por aqui e tem gosto de maracujá. jajá a joana chega. vamos jogar atari. depois veio o super mário que é a melhor metáfora da vida que o davi conseguiu contar. cata-ventos. cantinhos debaixo da videoteca do candinho. uma vez cai de cima do sofá do tio. cicatriz do lado do olho. olhamos um para o outro. e soltamos os balões para o menino que morava no outro planeta. era uma estrela. ou era um sol. era eu. era você. e nossos planos de transcender o espaço daquela normalidade habitual

Tuesday 23 April 2013

*

use uvas passas cintilantes para agregar dromedários sussurrantes a centopeias saltitantes.

o o o o o o o o o o o o o o

bolinhas bolinhas bolinhas. 
bolinhas, o que?
bolinhas, oras bolas.

Wednesday 17 April 2013

quem

moço não peça minha identificação. não estou identificada com aqui. daquilo que gosto, são simpatias, não sou eu. das outras, não deixo de ser um pouco de mim, daquilo que não é oposto, nem contrario. não sinto-me contrariada por não ser aquilo que você me pede. nem acho justo que me peça para ser isso aí que você gostaria que eu fosse. eu não sou mais do que aquilo que sou. e o que eu sou é segredo até de mim mesma. eu sei pouco moço. eu não sou este lugar. nem essas pessoas. não me peça para ser igual. nem me peça para ser diferente. não insista em me preencher de desejos. tudo vai passar mesmo que eu insista em não querer deixar. então escolho não querer. me identificar.

fever thoughts

a febre. sonhos. harry potter. porque? um teatro. um ritual. explicações sobre a morte. acho que ja vou indo. e se tudo acabasse agora? esse corpo. essa cara. esse adeus seria mais simples. se ela sorrisse calmamente eu não resistiria.

still on

ela nunca faz nada esta mariposa. que mariposa? a mariposa do teto. não faz nada. faz dias que fica no teto. assim. sem fazer nada. que mariposa no teto? nao voa. não fala. não faz nada. fica ali ó, a mariposa. marrom. ainda por cima é marrom. a mariposa marrom. o silêncio dela me incomoda. porque não faz nada essa mariposa? porque não voa embora? fica aí. no teto. parada. só faz isso da vida. fica parada no teto aqui de casa. ela pensa que eu não percebo. mas ja faz uma semana que ela não se move. mariposa marrom imóvel. deve estar escondendo algo essa mariposa. mas o que? o que será que fez com essa mariposa viesse ao teto da minha casa não fazer nada?

de volta dê volta

temos mochilas de todos os tamanhos. carregamos nossas bolsas nas mãos. nas costas. ele, acordava todos os dias numa terça-feira. idealizara um mundo de finalidades conceituais. numa escala de tempo sem tempo. era continuo. e ele crescia de dentro pra fora. nasceu. e depois morreu. e depois nasceu de novo. você acredita na reencarnação? carnicizar-se o espirito que passa por um processo. eu não sei. porque alguem inventou que havia um linha. e depois de grande ele descobriu outras possíveis possibilidades. eu te conheci agora mesmo? afinal, no final, o que acontece de verdade se você nao pagar suas contas? que verdade? que final?

Friday 12 April 2013

patas podem

os homens falavam da cena do panda. o panda. o panda. o ônibus. o binóculo. o rinoceronte alado. o homem falando do urso. o urso se vestindo de homem. o ônibus andando pra longe. o lago engolindo a água do corre. escorregou no sabão dum chão enorme. esfregou a cara com um sabonete nobre. sentou no topo de um arbusto mole. segurou-se na ponta árvore um bicho enorme. passaram a cena do panda na tela. patê de panda não se come. os homens que no ônibus entraram pandas. saíram do ônibus homens.

Sunday 7 April 2013

frederico

é que ele não gostava da escola. ele preferia o isolamento. e aquele tumultuo o incomodava a alma. barulho. preferia o silêncio ao social. preferia o virtual ao real. porque também não entendia o que havia de tão real assim no que lhe era apresentado como verídico. ruídos as vezes se transformam em monstros. via. não entendia porque as pessoas discutiam tanto. palavras. havia solução. percebia. talvez se as pessoas falassem menos. pensava. e as pessoas se expondo tanto naquele contexto. falavam. talvez as palavras trouxessem em si algum peso. pesava. um sofrimento que ele preferia evitar. você deveria falar mais. ouvia. e mais quieto ainda se estabelecia. em sua sabedoria, sabia, que alguma paz, sentia.

Friday 5 April 2013

e tinha aquela cena do elefante tomando banho de mar. outro dia a gente tava sentado na costeira e apareceu uma tartaruguinha. tem também aquele cara da ótica que fala que nem propaganda. será que ele ensaia no espelho? bateu um cheiro estranho pela janela. será o lixo da dona odete? nos escritórios da frente as pessoas devem estar contando os minutos para as seis. é o funk da batatinha.

guilherme

é que eu estou sofrendo muito. você entende? e daí eu fui tentar me conhecer melhor. procurar a origem do meu sofrimento. e fiquei ali, sentado naquele gramado por umas horas matutando. suely, eu acho que o que me faz sofrer é amor. cê numa acha estranho isso da gente ter de esconder que ama? parece que a gente não pode apreciar as pessoas. eu quero ficar de boa. gostar de mim. gostar das coisas, sabe. e eu não quero mais ter de sentir raiva das coisas. essa raiva, eu acho que ela não é minha. e eu fiquei me esforçando pra sustentar isso achando que isso era ser forte. agora pensando bem, aquilo não era raiva. aquilo acho que era um impulso de amor. só que eu tava tentando fingir que não. olha que bobagem. e eu podia passar a vida toda nesse sofrimento desnecessário. que coisa lôca.

Thursday 4 April 2013

e tinha este homem cheio de anéis nos dedos. chapéu preto. bengala na mão. barba branca. olhos cor de chuva. um caderninho de anotação. vem aqui mais perto que te conto o segredo. caminho. olha, isso que eu vou te dizer, você não diga pra ninguém, ta bem, meu bem? deu-me a mão. mostrou-me minha vida toda em um segundo. suspirei. entramos juntos num túnel. e acabou.

ô se é

porque quem é o caipira contemporâneo? perguntou seriamente o senhor com cara de sério senhor. e se eu fosse mais treinada pela cidade cheia de caixas, eu teria dez milhões de palavras para descrever alguma coisa mais concretamente pra você. mas sou mais caipira que isso aqui seu moço. e me perdi olhando praquela nuvem que parecia assim um hominho sentado num banco tocandum violão. porque fui me perdendo em pensar em alguma coisa meio assim sem fundamento mas que eu tava gostando de pensar por que sim e só isso. talvez seja uma certa mania de quem cresce assim conversando com as mesmas pessoas todos os dias antes de virar o quarteirão. bom-dia-como-tá-a-senhora-e-o-gato-melhorou? como-tá-o-seu-joão? tô-indo-pra-cidadi-quer-alguma-coisa-du-mercadu? e no meio de pedidos e atualizações cotidianas a gente filosofa sobre alguma coisa que já foi descoberta mas que a gente acha que se conversar sobre ela vai descobrir algo novo de novo. ou pelo menos vai ter um assunto pra assuntar. porque caipira é um pouco poeta. e é um pouco doutor. e um pouco xamã. e um pouco padeiro. e pedreiro. e professor. porque caipira prefere o café da tarde pra poder papear melhor. e é um povo que sabe das coisas. mas é mais de olhar. é de ouvir as histórias que a tia bernadete gosta de contar. porque caipira gosta de passear com a cabeça. a imaginação do caipira é o que ele talvez tenha de secreto. de gigante. de infinito. a cabeça do caipira vai longe. é por isso que ele tem algo de hoje. e algo de eterno. algo de gente de verdade. e algo de mistério. o caipira não se descreve. nem quer saber do tamanho que tem. nem sabe direito pra onde sua vontade parar. se ela não quer parar, num pára, praquê-ué. o caipira é meio esquerdo. meio torto. meio tonto. meio madeira. meio vento. meio tempo. ele não se entende. e nem se quer entender. senão perde a graça. e caipira gosta de ver a graça das coisas. porque o caipira acha que sabe que as coisas num são assim tão desse jeito. nem tão daquele lá. e no meio disso tudo, ele ri um pouco, dentro de si. com um certo lamento. com uma vontade entristecida de chorar.

Wednesday 3 April 2013

lidiane

lidiane ao ligar o liquidificador iniciou pensamentos processuais sobre pesquisas cientificas. pensou na história da humanidade. pensou em trituradores. em máquinas. em moedores. pensou na vida na caverna. em tribos. em monastérios. pensou na descoberta do gosto do cacau torrado. no estouro da primeira pipoca. no grafite posto no meio do pedaço de pau talhado. pombos correios. telegrama. programa de rádio. partituras musicais. lembrou da reportagem sobre um menino que afiava pianos para paulistanos em são paulo. pensou em trilhos de trens. em pessoas que decidem ser pilotos de avião. lembrou das promessas que sergio fazia na infância. pensou nos túneis do antigo egito. pensou no que será que cleopatra pensava antes de deitar com a cabeça no travesseiro. será que já existiam travesseiros por lá? será que eram penas de pato dentro de um saco de estopa? será que tinha pato no egito? não sabe. o suco já está pronto. engoliu o copo de goiaba batida com leite. e adormeceu no sofá sem escovar os dentes. babou na almofada. e sonhou que estava passeando pela cidade de tatuí com seu primo gustavo, que não via desde a terceira série do primário.

sobre bolhas e bolas brilhantes microscopicamente falando do ponto de vista dos céus

dizem que o que conta é matemático. creem na ciência como prova de tudo. aí vêm os outros do lado de lá contradizendo o que você tinha dito antes. mas aí vem você querendo que eu demonstre a coerência dos meus pensamentos. mas eu era mais multidimensional que isto que você pedia. eu vinha de um lugar sem linhas. eu vinha de um lugar mais arredondado. circular. bolas de luz no céu. eu mesma morava em cima de uma bola. e eu era toda cheia de água dentro de mim. disforme. eu era uma solução. cheia de minérios por dentro. e eles também eram bolas. bolinhas concêntricas cheias de agitação afinidades aleatoriedades e ciclos. e daí você me perguntava qual era meu ponto. e eu não sabia se você queria saber o nome da minha rua. ou o nome da minha lua. então eu rabisquei uma estrela pra você me conhecer melhor. e depois eu estiquei o tecido. e aquilo foi virando uma rede disforme. cheia de pontinhos. e os pontinhos foram crescendo. e ganhando patinhas. e antenas. e dentes. e olhos. e unhas. e línguas. e vozes. e árvores. e cadernos. e pianos. e sentimentos. e sapatilhas. e passos. e abraços. e amaciantes de roupa. até poeira cósmica, aquilo virou. tudo isso, e mais um monte de combinações químicas. e alquímicas. elementares, meu caro. incontestável bruxaria, alguém ousaria dizer.

Tuesday 2 April 2013

jurandir

e então é manhã de terça. e ele vem à minha porta. olhar azul. e calmo. uma voz tranquila. ofereço uma xícara de café. ele aceita. deixamos a porta aberta para facilitar o processo. ele abre a lata de tinta. revesa as mãos entre o café e o rolinho cheio de branco. começa a contar-me num tom brando, sobre sua trajetória. é do maranhão. chegou no interior jovem. e foi de cara aprender a trabalhar com a guilhotina. cortava vidros para luminárias para exportação. coisa fina fernanda. mas depois dos trinta e cinco, já não te querem mais. e me ensaia a loucura. cinquenta horas semanais de trabalho. na metalúrgica, noventa por cento do funcionários adoece. pode procurar. quando eu saí, meu corpo ficou cheirando óleo por seis meses, eu sentia o cheiro. e tenho três amigos que enlouqueceram trabalhando lá. o som. as máquinas. o cheiro. o ferro. entra na gente. e eu já não sabia mais o que era esquerda. e o que era direita. é a depressão. todo mundo fica deprimido na metalúrgica. eu imagino. só imagino. ele sabe. e teve outro que teve pânico. sabe o que é pânico? acho que não sei moço. ele segue com o rolo. minha porta mais branca. eu, mais bege. ele me conta que o dono da fabrica lia gibi no meio do turno. e que ele queria pagar o café para os funcionários com o dinheiro do bolso. nem café a gente tinha. teve de sair. mas sente saudade de alguma coisa. algum canto seu que aprendeu a conviver com aquela história. e veio chegar em são paulo agora. aqui, você tem de perguntar muito, senão te enrolam. é verdade moço. eu não faço isso aqui. isso aqui não sou eu. me mostra uma foto de uma casa. eu que fiz, com minhas próprias mãos. mas agora é só saudade, sofre. eu me encolho. aquela enorme varanda vendida para uma família da praia grande. e sua filha, morando expremida nesse prédio. ele agora estuda para terminar os estudos. é que eu não sou bom de matemática. mas consigo interpretar qualquer desenho. me conta que gosta de ler. eu falo para ele escrever isso tudo. ele me pergunta se dá pra escrever sobre isso. escreva por favor. enquanto ele não começa, eu sento meio asfixiada aqui no computador. ele, agora na casa do lado, segue clareando nossas portas. num ar sereno. guardando num corpo pequeno. essa intangibilidade sua.

Wednesday 27 March 2013

mais uma coisa que passou

foda encarar o julgamento, dentro de mim mesma, imaginando todos os olhos do mundo voltados pra cá. e quem ta certo, quem ta errado? e daí eu buscava um lado. e lados são extremos. extremos são construções da mente humana para conseguir pensar sobre as coisas...mas as coisas são menos bidimensionais...somos mais complexos, e mais simples do que isso também...

Tuesday 26 March 2013

consideramos justa toda forma de amor

iolanda não era nome que iolanda gostasse quando era criança. quando era criança iolanda desejava chamar-se luciana. iolanda cresceu. e agora mora no largo do arouche. assiste novela. e sempre diz que gosta mais da gloria pires do que da claudia raia, embora não haja necessidade de pensar nessa escolha. não gosta de natal. mas gosta de páscoa porque a vizinha chama para o bacalhau. não gosta de sapato baixo. pinta as unhas de rosa. não come carboidratos aos sábados. gostaria de conhecer as cataratas do iguaçu. mora com antonio fagundes, seu bege cachorro marrom. não dorme antes da uma. não acorda antes das dez. veste pijama de bolas amarelas. está sentada a esta hora num sofá verde limão. assistindo o lulu santos cantar na tevê, aquela mesma velha canção.

Tuesday 19 March 2013

tem gente que fala o que pensa. tem gente que fala sem pensar. tem gente que só fala e não pensa. tem gente que pensa e prefere não falar. tem gente que é quadrada. tem gente que é triangular. tem gente que come cru. tem gente que enxerga o luar. tem gente que gosta de bola. tem gente que gostar de cantar. tem gente que rema barco. tem gente que toma chá. tem gente que prefere salgado. tem gente que prefere evitar. tem gente que gosta de inhame. tem gente que come fubá. tem gente que usa touca. tem gente que usa roupão. tem gente que anda de bengala. tem gente que tem medo de avião. tem gente que se perfuma. tem gente que usa batom. tem gente que tem medo de sapo. tem gente que segura sapo com a mão. tem gente que é feita de gente. tem gente que é feita de pão.

Wednesday 13 March 2013

piuí namomolecular

eu não entendi do que ele estava falando.
mas ele estava em silêncio.
ouvindo o radinho do celular.
é que as ondas da avenida paulista alteram nossa atomicidade.
por isso que a mulher de regata azul entrou esbarrando em todo mundo. atrito de corpos.
furiosa reclamou. depois empurrou. depois bufou.
não tem jeito senhora. neutralizemo-nos perante o fenômeno.
seis da tarde.
en-ta-fui-a-dos, como se diz no interior.
dar boi, outra coisa que se diz no interior.
ô trem bão, outra coisa, mas esse é de minas.
treze. do três. de dois mil. e treze.
que dia engraçado, disse o moço.
vou jogar na megasena.
você conhece alguém que ganhou?
ela sentou-se na mesa. olhou para mim.
levamos um susto.
que foi?
descobri que não existe aposentadoria.
como assim?
é meu amor, a vida vai continuar até que acabe.
o que vamos esperar então?
o trem.
há de esforçar-se um tanto grande para uma pequena sensível melhora. a ditadora mente insistindo argumentativamente em argumentar seus ortodoxos argumentos. as envenenadas expectativas. o imaginário quase invencível. o ar que tenta invadir sem pausa. a descontrolada ânsia que sobe do estômago. silêncio por favor. um branco. caio aqui neste corpo. e os pés? olhei para baixo e eles estão - fatalmente - aqui. agora.

Sunday 3 March 2013

relax

e minha amiga me contou o caso de sua experiência nas aulas de yoga. achei curioso. é que essa amiga minha é uma pessoa  muito reservada. e ela tem frequentado as aulas de yoga da academia do bairro. ela também é um pouco estressada, a minha amiga. então ela procura relaxar. e meditar. alongar. mas aí tem a professora de yoga. do tipo feliz e expansivo. que agonia uma pessoa como minha amiga, que aprecia seu direito à suas reservas. então minha amiga fica bastante aborrecida com o comportamento da tal professora. que depois do relaxamento completo, pergunta expansivamente para os alunos, se a prática foi boa. aluno por aluno, minha amiga se queixa com lamentação. minha amiga,  por ser reservada, se constrange. o corpo imediatamente tensiona por ter de responder a questão. e a razão não vê ponto na pergunta já que acha obvio que ninguém vai falar pra professora que não gostou da aula dela. então ela se irrita, porque a professora ainda insiste. e acha perda de tempo ficar escutando um por um já que ninguém vai ser honesto mesmo. então ela está com dúvidas se vai continuar frequentando as aulas. porque essa coisa da professora perguntar a coisa no final, acaba fazendo ela sair da aula ainda mais estressada.

o julgamento

aquela ali sou eu. mas sentada aqui eu desconfio que eu ali não me represento bem. me parece invasivo ocupar seu espaço falando de mim. ou ocupar meu espaço ouvindo você falar de você. e depois esta festa vai acabar. e a gente vai se adicionar na rede social só pra sociabilizar. não que eu não tenha interesse em te conhecer. mas é essa burocracia. esses pre-requisitos pra gente se iludir achando que a gente vai se gostar. ou não. porque tem coisa que não se fala. não sei. se você quiser, podemos tomar um banho juntos. talvez ali no meio do silêncio, da água escorrendo deselegantemente pela boca que solta baba, descobriremos alguma coisa refrescante. você talvez veja meu suvaco peludo. e eu talvez veja sua unha do pé sem cortar. talvez ali sejamos duas pessoas. molhadas. e tudo bem.

Thursday 28 February 2013

POEMA PARA A LARVINHA QUE VEIO NA RÚCULA

larvinha que veio com a rúcula 
não quero matar você

mesmo não ficando feliz com a ideia
de você na minha rúcula

de seus ovinhos pindurados na rúcula
que agora eu pretendo comer

não sei da onde você vem larvinha
nem seu nome cientifico eu sei

mas você também tem mãe larvinha
e pai, será que larvinha tem?

parentes separados em campos
espalhados por quitandas
feirinhas de bairro

sendo empacotadas no plastico
transportadas em cestinhas
de supermercados
terminando na casa de alguém

alguém assim meio humano
que meio assim por engano
te vê antes de
te comer

agora te olhando larvinha.


te dedico este poeminha

é o mínimo que posso fazer.

Tuesday 26 February 2013

Movimento

correu pra sala chorando, achou-se estranho, não estava acostumado a se ver chorando daquele jeito, soluçando, sentindo dor no peito e a respiração difícil. não sabia o que fazer, com quem conversar. queria tomar a decisão sozinho, fugir dos conselhos. precisava saber o que estava sentindo. 'faz sentido? e precisa fazer sentido? só precisa parar de doer', pensou. pensava no não e chorava, pensava no sim e também chorava...até que desistiu de lutar e parou de chorar. 'desisti por ser mais comodo? questionou. 'será que não fazer nada era a melhor decisão?'. não fazer nada significaria estar ausente, não participar e talvez significasse ignorar...e lembrou de alguém lhe dizer que a ignorancia é o contrário do amor. 'e que medo é esse de ignorar' refletiu. sua mente confusa não sabia mais dar significados coerentes às palavras. viu-se como em estado de shock, paralisado em frente a qualquer coisa em que mirava os olhos sem observar. era tão fácil desistir. tão mais fácil que o assustava. sentiu-se então desafiado por aquele medo. o que seria maior, o medo ou o a vontade de vencer o desafio? olhou o relógio. eram vinte para as dez da noite e tinha que trabalhar no dia seguinte. no automatismo, tirou a camiseta, pegou a toalha e foi tomar banho.

juli triolha

juliana acordou com uma dor no meio da testa. depois veio a enfermeira. "ficou linda" disse ela. juliana que gostava de roupas bonitas, gostou do elogio. fizera uma plástica de nariz uns dois anos antes. dieta. shake. juliana era bonita. mas ainda queria mudar alguma coisa. viu então na anamaria uma entrevista com uma famosa esteticista carioca, que trazia a mais nova novidade. mulheres de três olhos. não hesitou em agendar. esteticista, eu quero ficar mais bonita. sim nós temos o que você precisa. frigideiras que fritam sem óleo. estava pensando na cirurgia de olhos. quantos você já tem? dois. que cor? marrom, meio esverdeados. que tal um azul? pensei num pretinho básico, pra começar. sala de cirurgia às treze. juliana acordou num quarto claro. a enfermeira elogiou. tirou o espelhinho da bolsa. deu uma piscadinha pra testar. o olho novo parecia impressionar.

Monday 25 February 2013

Personagens da vida minha

Ele fala e não te ouve, ele quer contar da vida dele pra alguém que não vá julgá-lo demais, porque ele já faz muito isso consigo mesmo, ele quer fazer várias atividades que ele sempre quis fazer mas não tem tempo ou não tem dinheiro.
Ela fala que a outra não tem amigos, que a outra trabalha a mais pra não voltar pra casa, ela diz que essa outra é sozinha, mas aqui ela se sente sozinha, ela é quem está sozinha.
Teve uma que pouco sabia de tudo, queria fazer parte da festa já pronta, porque sozinha não sabia. jogou o jogo que havia sem dizer se gostava, apenas imitava, sua vontade era tão sutil que não se via.
Tem um que sabe um causo pra cada conversa, a solução pra cada problema, conta vantagem de si, banca pinta de bonzão, mas na hora H bota a bomba pra explodir em outro lugar.
E aquela que reclama, reclama e reclama. reclama do trabalho, reclama da empregada, reclama do namorado que não tem, reclama do transito, reclama das poucas opções, reclama dos serviços prestados, reclama da viagem de férias, reclama do porteiro, reclama dos parentes, e ainda sobra coisa pra reclamar.

E tem eu, que não tenho nada disso. eu sou muito diferente. eu sempre ouço todo mundo com atenção, faço tudo o que gosto, tenho muitos bons amigos e nunca me sinto sozinho, sempre fiz festa, não tenho soluções pra tudo não, mas tenho ótimos conselhos! Detesto reclamar, no máximo que eu eu faço é expôr as situações. 

Wednesday 23 January 2013

dois pentes de coxas crocantes para duas pitadas de paralelepipedos esponjosos roxos

passarinhozinhos comendo minhoquinhas. que mais procuram? restinhos de pão. uvinhas. frutinhas frutíferas. e deus, o que é? disseram que era o seu zé que é marceneiro lá na estiva. estava disfarçado. o que? pois é. e vocês borboletinhas, nada dizem a respeito? é que o agrião não refoga-se assim. come-se cru. o que que se refoga então? couve. e aquela outra folhinha que eu esqueci o nome. alho-poró é bom em sopa. cebolinha, cenourinha, beterrabinha, como é crescer debaixo da terra? arvorezinhas, vocês sentem a comida subindo pelo seus corpinhos? seiva. aloe vera para cabelos. jaborandi. alguem aqui ja viu a árvore de jaborandi? jaborandi é uma árvore? e rosa mosqueta? dizem que é bom pra pele. rejuvenesce. a tia maria helena fez plastica pra nao envelhecer. é melhor envelhecer ou ficar com a cara igual a da gloria menezes? e o silvio santos, você prefere grisalho ou moreno? será que o espirito da hebe passeia por taubaté? para fazer bolos, a medida é a xícara. para comer, colher, talher. com quantos garfos você sabe fazer? tacinhas, copinhos, colherzinhas de chá. dezessete. vinte e tres. quatrocentos e sessenta e dois. são números. números são infinitos. até que se encontre o fim. o unverso é de que cor? seus olhos estão cor de rosa fabiana. as rosas são perfumadas. o fucinho do fantoche francês é laranja.

se amor te volta se

vamos todos morrer. é coisa certa. e antes da gente nascer, a gente não existia assim. nem eu. nem voce. vamos morrer, é fato. nascemos paridos já sabendo que já vamos já partir partidos. e o final está cada vez mais perto do final. no leito, o que se passa na cabeça do morto? o que pensou o cadaver sobre aquela covardia que o impedia? se a morte, por aqui parasse agora, que segredo ela agora te contaria? quando olho no espelho só vejo um reflexo daquilo que meus olhos refletem. um corpo que me representa em publico. do mais, não sei.

Tuesday 22 January 2013

riminha

se essa rua fosse minha, eu a enfeitaria toda, com flores coloridas e cores perfumadas. nessa minha rua, voce poderia dizer que ama alguém sem sentir vergonha de dizer. voce poderia errar. e você poderia se arrepender. voce poderia chorar, e ter um amigo por perto pra abraçar você. se essa rua fosse minha, os vizinhos ficariam em silencio quando não tivessem nada de bom pra dizer. e no meio desse silencio, você teria espaço para ouvir um passarinho cantar pra você. se essa rua fosse minha, o meu busker favorito estaria tocando no meio dela. e os outros sons sairiam dos nossos corações em forma de luz. eu dançaria pra voce. e voce sorriria pra mim. se essa rua fosse minha, eu mandava ladrilhar, com pedacinhos, bem bonitos, de romances. só pro meu, só pro meu amor ficar...

Sunday 20 January 2013

mãe, tem uma baleia no meio da sala!
onde?
je-suis!
como ela veio parar aqui?
não sei.
será que foi o tio dail?
ele nao tem a chave.
deve ter sido a tia naná então.

Saturday 19 January 2013

cloud bússola after the rain. or was it before it?

estava pensando sobre o controle. o controle é uma palavra. controle. mas muito do que parece prejudicar a nossa saúde, de nós, humanos, pode ser parecido com a idealização de algum tipo de controle. substituiria essa busca de controle, por uma busca de prudência, ou preservação de energia. será que é mais parecido com isso? não sei. em tempos bélicos, a quietude da alma, para que ela não sofra tanto os socos que vem diretamente do centro destes egos insandessidos. os nossos. e os dos outros. o ego, ou essa força maléfica que carregamos dentro de nós, seja lá o nome que você quiser escolher. mas é ele, talvez, meu inimigo que mais temo. esse monstro negativo. uma coisa do mal que fica esperando de canto só a gente esquecer da gente mesmo, do nosso cuidado comprometido com o próprio cuidado, com o cuidar, para atacar tudo com tudo. oposto ao cultivo, está esta busca enlouquecida por esse abstrato controle. uma força que faz desejar o mal. e buscar ter razão. certezas. a força que te faz querer convencer um exercito a lutar para provar que sua certeza está certamente certa. e tem esta outra grande luta. a busca, esta, de conseguir abandonar o exercito. a luta para o desarmarmento honesto. para a aceitação de uma sensível solidão. olhar, no útimo passo equivocado, um passo novo cheio de aprendizado. a luta pela caminhada suave. para a dança no passo em cima da calçada. na auto-permissão para ser mais mole. mais boba. mais torta. e ainda assim manter-me na estrada longa. não quero mais machucar ninguém. nem a mim mesma mais eu quero. preservo-me do meu mau olhado. e deste meu eu que quer gorar minha sopa de fubá. melhor não convidar convidados suspeitos para o jantar. agradar por carência, demanda enorme esforço. e eles sempre vão querer mais de você. tentar melhor sobreviver cada dia desses, dentro deste corpo. se é que estou dentro dele. eu não sei bem onde é que estou. e não sei se isso é importante. já que não quero ter em mim mais destas ilusões de controlar nada disso mais mesmo. ai deus, me ajude a compreender isso melhor.

on board

em outra vida talvez, eu queira nascer no hawai. vocês ja viram as ondas do hawai né. hawai em inglês fala ra-u-ai. eu fico imaginando como deve ser a sensação de estar no meio daquele mar. à espera daquelas ondas. e o momento ultimo antes de decidir engatar a prancha numa onda pra ela te levar. e tem coral embaixo do mar ao invés de areia. e se você perde o ponto, já era. eu imagino a sensação de estar de frente para o mar, na areia de uma praia do hawai, vendo aquelas ondas se formarem. e estourarem de longe. elas devem parecer maiores vistas de fora. mas aí tem a hora que quem vai surfar decide entrar. e vai sem medo. ou com medo. eles devem ter um pouco de medo. mas talvez eles não sintam medo. talvez sintam amor. acho que deve ser mais amor que medo. talvez só o amor seja tão corajoso assim. então eu pensei agora que talvez os surfistas sintam um tipo de amor especial pelas coisas. por todas as coisas. porque o amor não é tão separado assim. quem nasce no hawai deve amar diferente de mim. deve ser gostoso surfar no hawai. deve ser gostoso surfar em outros lugares também. mas o hawai tem um que mítico, especial, para mim. nos anos oitenta, meu primo tinha o quarto coberto de posters com imagens de ondas do hawai. eu gostava de entrar no quarto do meu primo. e de me imaginar dentro daquelas ondas. 







o conto da menina e os patos

a menina brincava na beira do lago.
chegou então o pato.
olá patinho. qual seu nome?
junior junior segundo.
chegou então, outro pato.
e este é meu irmão, junior junior terceiro.
junior junior segundo e junior junior terceiro, tinham mais vinte irmãos, todos filhos de junior junior.
junior junior pai, era filho de junior. junior pai de junior junior, tinha o apelido de juninho. juninho, era filho de marco aurélio pereira dos santos.
e voce?
juliana.
prazer.
prazer.
querem uns pedaços de bolacha de maizena?
sim.
aqui estão.
gratidão, disseram juntos os juniors.
é nois, disse juliana.
e assim, viraram amigos eternos para todo o sempre.

Friday 18 January 2013

de que cor é seu cocô?

aprender a viver em silêncio. a conviver com o silêncio. a acalmar minha ansiedade de movimentar as coisas. da onde veio esse medo todo que falei ontem? passou da meia-noite. depois que as coisas passam você passa a percebe-las de um jeito diferente. nao me envergonho da minha escrita errada. porque se eu conseguisse, faria gráficos e trabalharia melhor com as palavras corretamente. mas vou me esforçar. embora não seja prioridade aqui. agradeço pelo espaço de poder, pelo menos, comunicar meu coração com os poucos amigos que aparecem aqui pelo blog. agradeço ao inventor da internet por ter inventado a internet. e agradeço a quem inventou o dominio de blogs, este dominio, porque eu posso vir aqui e escrever de vez em quando, quando meu coração sufoca. é tanta rede que me dá tremor. o tamanho da minha limitação me assusta. o tamanho da limitação humana me assusta. a sociosfera me assusta. a noosfera me inspira. ufa. mas a transição ainda é meio escura. mas também é meio clara, porque ser otimista faz parte. e ser pessimista também. não deveria falar muito mais por aí. nossa, fico chocada com o tanto de besteira que falo. desculpe pela justificativa. mas é que agora é daqueles momentos de acalmar o pulmão. respirar mais devagar. com tempos de pausa. quanta besteira meu deus. vocês falam besteira demais? falam coisas das quais não sabem muito? erram na caligrafia? na grafia? no significado das coisas? o caso, é que eu não deveria mais falar nada sobre a sociedade alem daquelas coisas absurdas. mas a sociedade é absurda. e eu não entendo a sociedade. eu nem eu me entendo, quem dirá o grupo. tem tanta gente no mundo. e tanta gente diferente. quem sou eu pra saber alguma coisa. se nem de mim eu sei muita coisa. aprendi a fazer um biscoito de polvilho gostoso. disso sim eu deveria falar. nao sei se deveria. mas achei uma coisa boa de compartilhar. porque biscoitos de polvilho gostosos fazem a vida das pessoas melhor. um café da tarde agradável. e uma coisa sem aditivos químicos. pelo menos não muitos. apesar de ir sal e óleo. e um dia sal já valeu tanta coisa. hoje custa um real e pouco um pacotinho de sal. e pensar que tanta coisa já aconteceu na história só por causa dos temperos da índia. eu devo me preocupar com os índios. vocês também. me dói a alma pensar nessas coisas. e nas crianças que crescem sem amor. as injustiças feitas em nome da justiça.briga de marido e mulher. ciúmes. violência. me assusto. preconceito. me assusto. mas eu vou conseguir fazer alguma coisa por quem? que combate é este? e contra quem? qual o tempo de digestão das coisas? ouvi dizer que vegetarianos cagam cocô mais macio. pode ser mesmo. o link da receita do biscoito, é esse:

http://tudogostoso.uol.com.br/receita/82070-biscoito-de-polvilho-da-bianca.html 

viver com menos

entendo melhor agora quem tem como amigos os minerais, as plantas e os gatos. cachorros já não sei. uma vez tivemos codornas, e não sei muito o que falar sobre elas também. a agenda dos anjos deve estar lotada para o chá. na duvida, melhor conversar com os cristais. ou com os passarinhos. mas estes, saem voando antes da segunda frase. certos estao eles, se eu pudesse voar, nao me preocuparia com a paciencia. se eu pudesse voar, estaria ai agora. e ali logo depois. preciso me depilar ou não? sei la, poderia viver num mundo sem piolhos-de-cobra. fazia tempo que não via destes bichos. no meio de grilo, cigarras. em que grau evolutivo eles estão? será que já fui eu, uma girafa. ou um rinoceronte? qual a diferença entre gnomos e duendes? qual a diferença entre eu e você? sei lá. tenho medo de enlouquecer. mas talvez sejam só meus chacras se abrindo para a nova era. isso foi o que o video falou. pode ser tambem a tal falta de precisão. de tecnica. o problema do meu problema de aprendizado. o mundo não feito para os dislexos. caí de pára- quedas aqui. mas voce tambem provavelmente se sinta assim. antes eu acreditasse nos ante-depressivos. ou nos especialistas mentais. nos padres. na fofoca do bairro. nas unhas feitas pela manicure. na preocupação com a cor do sapato para ir ao shopping. e pára com essa auto-piedade. não dirijo automoveis. nem moveis eu tenho meus. satisfação me vem com internet rapida. e um beijo no final do dia. aceitar a simplicidade é um enorme exercicio.

um pouco de panico

tenho medo, mas tanto medo
que tenho vontade de me esconder
me assusto tanto que digo tudo e depois morro de medo de dizer
tenho panico e um desejo de me proteger de mim mesma
um medo de morrer
medos dos meus medos
dos meus dedos
de viver
tenho medo
das assombrações
dos sons
dos sonhos
das minhas confusões
das minhas incertezas
das pessoas
dos carros
das palavras
das armas
de leões
cobras
escorpiões
tenho medo
de tudo
tenho tanto medo
tanto tanto medo
que não sei direito o que fazer
mas como hoje é dia de semana
e ainda não são oito da noite
vou tomar café com leite
comer pão
manteiga
e uns cequilhos que um moço que mora por aqui me vendeu


Tuesday 8 January 2013

quarenta e quatro horas

buscava um trabalho. mas nao um que pagasse. ou não só um que pagasse pelas contas. mas não sabia se aquilo que buscava era um trabalho. uma carreira. quantas coisas que buscamos buscamos mesmo? o que buscaríamos se não tivessemos que buscar essas coisas? se a escola não fosse obrigatória. e se pagar não fosse tudo isso assim? não sei. a familia queria que fizesse um curso. uma pressão. um diploma. alguma coisa para colocarem na parede. mas não era um quadro pintado de colorido. casou-se com a mulher errada. a mulher que não era a mulher que ele queria que ela fosse. ela não era pura. nem calada. nem morta. nem uma porta ela era. e sofria. chorava as vezes e causava irritação. a ele. e a ela propria. comprou um cachorrinho. depois sentiu culpa por pagar pelo cachorro. e nem gostou tanto assim do cachorro. e nem precisava pagar por ele sabendo de todos aqueles sites de adoção que via no mural do facebook. comprou o cachorro porque ele parecia ideal. depois cresceu.e ele se cansou de limpar cocô. soltou o cachorro na rua. mas preferiu acreditar na fuga do cão querido. contou para os amigos com lastima. mas nem tinha tantos amigos assim. ninguem tava nem ai, nem para ele, nem para o cachorro, nem para sua carreira. para sua carreira um pouco. porque os amigos eram do trabalho. e acreditavam ter assuntos em comum. os assuntos em comum, eram comuns a toda a nação de assistidores. times e escalas. mulheres gostosas. esposas sem graça. eles sem nada mais para falar sobre nada. e era assim, sempre que podiam. sempre depois das seis. uma dia saiu mais cedo. foi advertido sem piedade. depois perdeu a vontade. e parou. sentou no banco em busca de sentido. apagou. somou. sonhou com os amigos que nunca existiram. e uma carreira que nunca foi sucedida. sonhou com aquilo que ele queria ter sido. mas ai o sonho apagou quando ele notou que nunca queria ter nem existido.

Monday 7 January 2013

pra re

e tudo começou de novo
e está tudo diferente agora
e agora já passou há um segundo
tudo é tao solúvel
e estendido
e fragmentado
e tudo começou de novo
e eu não sei bem sobre o que falar
porque o sentido das coisas
começou já invertido
abstrato
abstraído
não sei se é a nova era
ou se sou eu que já era
mas se tudo são pontos que se conectam
e se perdem pelo espaço
começo aqui de novo
a dar os primeiros passos