Monday 4 April 2011

pra descarregar essas palavras mortas: um texto no escuro

sao oito e meia da manha e eu acordei esponteneamente as sete, tem acontecido recentemente. minhas costas doem fora da normalidade. recebo uma mensagem as 7:45AM com ordens irritantes tipo "nao esquece de falar para a menina pegar o violino, voce esqueceu semana passada e isso eh muito importante!" importante? a proxima coisa eh a decisao de nao trabalhar hoje. a confusao mental esta na velocidade 5 do creu. faco planos aqui e la e na verdade nao sei pra onde eu vou. pode ser inferno astral. pode ser e pode nao ser. minha mae falou para eu ir numa palestra sobre espiritismo hoje e eu to quase indo pra ver se o encosto vai embora. hoje eh dia 04 de abril, aniversario do meu avo. em 9 dias eu farei 29 anos e nao sinto diferenca dos anteriores. ontem assisti um filme sobre a vidinha de estudantes colegiais numa escola de classe media alta em SP. sou nova, sou velha, sou adulta, que coisa estranha de pensar. ha uma expectativa de que uma hora voce vai saber o que dizer ou se comportar parece que nao chega essa hora e eu ainda fumo unzinho todo dia e ainda evito responsabilidades. tambem achei que morreria antes dos 29, acho que era preguica de pensar. eu terei que trabalhar pra sempre? isso aterroriza. mas tavez seja eu colocando um peso no trabalho. talvez nao mesmo. sao ideias confusas. foda eh acreditar. sabe? vender o peixe, dizer que eu sou isso ou aquilo e convencer as pessoas, isso da mta preguica e eh foda ser firme. eh foda dizer "eu sei a verdade". e, se vc nao sabe, e eu nao sei mesmo, as pessoas te acham comedia, ou nao, talvez elas nao pensem nada, eh so preguica mesmo. mas tudo eh mto simples. ou nao. foda pensar que a vida podia ser mais de boa. foda pensar na falta de sentido disso tudo e na reponsabilidade. sao palavras da nossa sociedade: responsabilidade, comprometimento, seriedade, imutabilidade. capitalismo te odeio (um descarrego de magoas). mas nao sei neh, como seria se nao fosse o capitalismo? como seria se nao fossem as exploracoes? como seria? seria melhor? melhor, pior, essa coisa de qualificar, tambem nao sei se tem a ver. as palavras nao tem a ver, as palavras confundem. definicoes. muitas definicoes, conceitos, teorias, tudo humano. resultado de anos de noia, assim como essa desse texto, busca de um sentido. somos animaizinhos, nao se esqueca. eu nao sei. nao sei de nada. mas ai voce quer descansar e tem de inventar desculpas. a maioria das profissoes sao desnecessarias. poderia ser mais leve. eh mais leve. o lance eh hoje, na crise tudo parece o fim do mundo. mas aqui fica o registro e a morte. liberar mata ou transforma. sim, estou na crise dos 29. achei que nao a teria mas pra variar a vida surpreende. entao vou escrever ate esgotar minha auto-piedade e gerar uma positividade. mas agora vou ate o fim. ou nao. ainda estou viva? ainda farei alguma coisa interessante? descobrirei algum talento meu, que vai salvar minha vida? encontrarei um circo para fugir com? tinha o beto, aquele amigo meu que figiu com o circo, ele tinha 32 na epoca, ainda da tempo. terei filhos? sera? sera que estou virando um velha patetica? sera que serei uma velha patetica? nao me sinto velha, me sinto nova. mas ai vem alguem e fala "vc ja passou da fase" como eles sabem disso? alguem realmente sabe quando passou da fase? que fase? eu nao sei nem ao certo do que voces estao falando. o que as novas geracoes pensam/ pensarao? sei la. eu ia dizer que talvez eu esteja errada dentro desse mundo injusto, mas sou arrogante e na verdade acho que to certa. na verdade oq eu acho nao importa. na verdade nao ha verdade, pelo menos eu acho e como o que eu acho nao importa, voltamos ao zero, que eh onde tudo comeca e termina, ou nao. felizes sao os indios. outra coisa cliche, pensar em morar com indios, nao que eu nao cogite, mas eh que assim, falando nesse contexto parece bem cliche. se bem que morar com os indios esta de igual pra igual com fugir com o circo e, pra ser sincera, parece mais provavel do que um trampo num escritorio. casar com um homem rico nao eh perfil e homens perdidos e errantes sao mais meu tipo. voce ai no nordeste perdida e eu aqui nessa ilha perdida no elo perdido. nao quero sair da toca. a prostituicao eh uma profissao bem digna, independente e genuina. eh de se pensar. na outra vida devo ter sido puta, dessas que ficavam numas tavernas servindo os homens e bebendo uma cachaca, devia ser o mais divertido pra epoca e como isso eh so imaginacao, eu mantenho o certo romantismo sem entrar nos porens complicados do pensamento. na proxima vida, vou eu imaginar quem eu fui nessa vida? como fica essa historia de vida passada e coisas do tipo com a internet e o tanto de arquivos que ja existe? futuro e passado se cruzam e eu confesso que fiquei bem afim do arnaldo dos mutantes de quando ele tinha 30 anos. de certa forma ele existe, sao cancoes e imagens e beleza. ele teve aqui em londres. tambem ja tive essa quedinha pelo paul de 30 anos atras. e eu ja morei na esquina da casa que o gandhi morou, outro cara foda do passado. sera que teriamos nos cruzado em cafes e mercados? seriamos amigos? se pa nao. se pa sim. ja pisamos no mesmo chao e ja vimos as mesmas vistas, fizemos os mesmos caminhos para voltar pra casa e apreciamos o passar das estacoes do mesmo ponto, caminhando nos mesmos parques e observando as mesmas arvores. dividimos alguma coisa, sem duvida. o paul mora no meu bairro, mas quando o encontrei ele ja tinha 60 e tantos anos. quem eh voce? quem foi voce? eu ainda te amaria agora? voce me amaria algum dia? nao existe linearidade. o tempo vai e vem e tudo eh possivel. o conhecimento nao eh mais privilegio dos mais velhos e eh por isso que essa coisa de comeco e fim fica cada vez mais non sense. tamo tudo no mesmo barco. sim? nao? talvez? nessa altura do texto eu ja nao sei mais do que to falando. ja sao 9:30 e eu to morrendo de fome. voces tomam cafe da manha todas as manhas? alimentam-se bem? um cafe preto puro e forte que faz a alegria. sucos verduras e legumes, coisas assim. ai dio. vamos la. sei que esse texto ficou meio meu querido diario mas dias melhores virao. ja foi um alivio. obrigada por voce que dividiu esse momento, ele ja foi. agora fica um beijo a todos e saudacoes do norte!

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